Carta de apoio dos estudantes da Pós-graduação/EFLCH da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.  Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas
(Carlos Drummond de Andrade. Obra: Sentimento do Mundo).

 À comunidade acadêmica da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH)

Há algum tempo a “crise da universidade pública” é alvo de discussão da academia. Desde os anos 70, as universidades de diversas localidades vêm sendo sucateadas, seja como meio de alavancar os lucros de algumas empresas via fundações de apoio, seja através da ampliação de vagas sem planejamento adequado.

Há mais de duas décadas a OMC (Organização Mundial do Comércio) colocou em sua agenda a necessidade da economia de mercado avançar nas áreas de educação, saúde e previdência social. É de acordo com estas diretrizes que no Brasil durante toda a década de 90 vimos um boom, financiado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) e outras agências estatais, do crescimento das universidades particulares. Ao mesmo tempo em que as universidades públicas, em especial as federais, sofreram, concomitantemente, um corte de verbas e um “projeto”, posteriormente, de súbita reversão com a ampliação desenfreada de vagas sem priorizar a qualidade do tripé (ensino, pesquisa e extensão). A questão, nesse sentido, não é a ampliação de vagas nas universidades federais ou públicas em geral, mas como essa ampliação vem ocorrendo.

O plano, já bastante avançado, é o de manter algumas poucas universidades ou alguns de seus campus como “centros de excelência”, quase em sua maioria, adaptados às exigências do mercado, enquanto a grande maioria deve formar profissionais qualificados, mão-de-obra especializada nos diversos ramos do conhecimento em espaços improvisados, ou seja, em infraestrutura precária, sem condições de acesso e permanência, sobretudo, nos campi onde os cursos não estão correlacionados diretamente às exigências do capital e, fantasmagoricamente, onde o perfil socioeconômico de boa parte dos alunos é desfavorável, vide os dados divulgados recentemente pela própria PRAE (Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis) sobre os campus da Universidade Federal de São Paulo, onde Guarulhos é o que se encontra em situação mais problemática – algo reconhecido pelo senhor reitor Walter Manna Albertoni em matéria publicada no Jornal O Estado de São Paulo em 12 de dezembro de 2011; contudo, sem relatar concretamente o que está sendo feito para resolver o problema, os dados são sempre colocados no vazio e pedindo uma espera ad eterno.

Tendo em vista este contexto, nós, estudantes de pós-graduação da EFLCH da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Campus Guarulhos, manifestamos através desta carta nosso apoio à greve dos estudantes de graduação.

Concordamos com a Carta de Reivindicação dos Estudantes, que apresenta os quatro eixos de reivindicações – infraestrutura, acesso e permanência, repressão, transparência –, cujos aspectos os estudantes da pós-graduação identificaram como essenciais no desenvolvimento e consolidação do campus da EFLCH.

Compartilhamos da necessidade imediata de um novo prédio para o campus, como ampliar as linhas de transportes municipais e intermunicipais, as políticas de permanência, que vão desde bolsas de auxílio-permanência até a efetiva construção de uma moradia estudantil, como maneira de reunir os estudantes num projeto participativo de sua arquitetura e ambiente habitado, e ampliar o bandejão – e que esse seja subsidiado inteiramente com verba pública, com abertura de concurso público para a contratação de funcionários – e os laboratórios de informática e de fotocópias etc. Entendemos que a transparência nos processos administrativos e a não punição de estudantes que participam de atividades políticas são essenciais a qualquer instituição que se pretenda democrática e, que deste modo, priorize o diálogo com diferentes segmentos que a compõem (gestores, professores, funcionários e estudantes), visando a resolução participativa dos problemas. Por outro lado, a estratégia a ser utilizada para reverter o quadro de sucateamento de uma universidade ainda recém-nascida no que se refere, sobretudo, à área de humanas, não pode ser outro que o de ampliar a luta. Deste modo, também vemos a necessidade de buscar apoio de outras universidades públicas (de entidades estudantis e do corpo docente).

No que tange a nossa reflexão enquanto estudantes de pós-graduação, reiteremos que esses problemas, além de dificultarem o andamento das pesquisas e dos grupos de estudos, são entraves à consolidação e à manutenção dos programas de pós-graduação vigentes no campus, uma vez que demonstram a incapacidade da EFLCH de atender as exigências dos órgãos que financiam e avaliam esses programas. Por isso, uma universidade pública, democrática e que preze pela autonomia e pensamento crítico, precisa reunir as condições de infraestrutura básica para o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão, aspectos ainda não contemplados na realidade da EFLCH UNIFESP.

assinam está carta:

Ana Lídia Oliveira Aguiar

Andrei Chikhani Massa

Bruna Aline Scaramboni

Cauê de Camargo Martins

Clara Zeferino Garcia

Clarissa Aguiar Noronha

Deborah Schimidt Neves dos Santos

Fernando Antonio Santana

Gabriela Murua

Gabriela Peters Cremasco Gonçalves

Guilherme Tadeu de Paula

Jéssica Ferreira Rodrigues

Karine Assumpção

Laís Fernanda Rodrigues

Lucas Bernasconi Jardim

Michele Corrêa de Castro

Rafael Acácio de Freitas

Rafael Marchesan Tauil

Rafaela Fernandes Narciso

Reinaldo Pereira Damião

Ricardo de Lima Jurca

Rubia de Araujo Ramos

Sarah Ferreira de Toledo

Sandro Barbosa de Oliveira

Thais Azevedo da Costa Botelho

Thiago Pacheco

Valdir Lemos Rios

Acontece no campus: arrecadação de recursos para o movimento!

A comissão de finanças está promovendo todos os dias no campus a venda de lanches, bebidas e doces para levantar recursos para o movimento.

Todo produto é fruto de doação ou arrecadação do próprio movimento, sendo produzido e comercializado pelos próprios estudantes.

Todo repasse de verbas do movimento será publicado no blog em breve.

A comissão sempre está precisando de pessoas para ajudar tanto na produção como na venda dos produtos, então participe!

Envie um e-mail para financeirogreve@gmail.com ou procure a mesa da comissão pelo campus.

Estudantes de Medicina entram em greve por tempo indeterminado na UFRJ

Alunos de Medicina da UFRJ entram em greve
Estudantes do câmpus de Macaé protestam contra infraestrutura inadequada

04 de abril de 2012 | 21h 00

Heloisa Aruth Sturm, de O Estado de S. Paulo

RIO – No momento em que o governo federal planeja ações para ampliar a oferta de médicos no País, alunos do recém-criado curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em Macaé, no litoral norte fluminense, protestam contra as condições do curso. Desde o início da semana eles estão em greve por tempo indeterminado.
Na terça-feira, 3, cerca de 120 alunos estiveram na reitoria, na Ilha do Fundão, para manifestar a insatisfação com as atuais condições de ensino oferecidas no câmpus. Nesta quarta, 40 estudantes permaneciam em frente ao Hospital Universitário da UFRJ e os que retornaram à cidade iniciariam um protesto em frente à Câmara Municipal de Macaé.
Os problemas enfrentados no câmpus de Macaé já foram objeto de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado em junho entre a UFRJ e o Ministério Público Federal (MPF) para resolver deficiências estruturais, como a falta de professores e de equipamentos. Entre as obrigações firmadas no TAC estava a implementação de “um projeto de adequação de espaços, como o laboratório de preparação de peças anatômicas, para fornecimento e manutenção permanente de acervo”.

Programa

Criado em 2007 como parte do Programa de Reestruturação e Expansão da UFRJ, o curso começou há três anos e tem 159 alunos, mas não possui infraestrutura necessária para a integral realização das atividades inerentes ao curso, segundo carta dos alunos.
“Algumas dificuldades ainda persistem e a universidade está adotando estratégias para garantir a sua superação”, afirmou o reitor da UFRJ, Carlos Antônio Levi, em nota.

Fonte: Estadão
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,alunos-de-medicina-da-ufrj-entram-em-greve,857459,0.htm

CAHARTE – Moção de apoio dos docentes de História da Arte

O colegiado do curso de História da Arte da Unifesp, após decisão tomada em reunião extraordinária ocorrida em 27 de março de 2012, vem comunicar sua posição oficial em relação à paralisação do corpo discente da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Unifesp. O colegiado apóia o movimento desencadeado e organizado pelos alunos no que se refere às suas reivindicações, entendidas por nós como extremamente importantes para o bom funcionamento das atividades acadêmicas e de pesquisa na EFLCH.
Entendemos que parte das necessidades explicitadas pelo corpo discente em seu movimento são as mesmas que afetam o corpo docente, sobretudo no que se refere à infra-estrutura do Campus Guarulhos. Além disso, o colegiado do curso de História da Arte compartilha das preocupações expressas na Carta de Reivindicações do Movimento Estudantil da EFLCH em relação ao transporte até o Campus, tendo em vista que as dificuldades de locomoção estão relacionadas à evasão escolar e à dificuldade de dedicação de um tempo maior por parte do aluno aos estudos acadêmicos. Também pensamos serem justas as reivindicações relacionadas ao auxílio permanência, à necessidade de transparência nos mecanismos institucionais e à construção de uma moradia estudantil, e defendemos que o projeto de moradia seja uma oportunidade para pensarmos questões arquitetônicas e urbanísticas relacionados à função social do Campus Guarulhos em seu entorno. Consideramos que é preciso implementar a creche integrando a demanda de alunos, servidores e funcionários e compartilhamos a reivindicação da ampliação do bandejão. Apoiamos a continuidade da mobilização dos estudantes durante a paralisação  com a elaboração e execução de atividades paralelas, de modo que o Campus esteja constantemente movimentado por eventos que ajudem a pensar nosso curso, nossas necessidades e a própria história de luta estudantil do Brasil e do mundo. Segundo entendemos, a paralisação não deve se tornar um pretexto para que o corpo discente deixe de frequentar o campus, do contrário haverá, além da perda de sentido do movimento, prejuízo das potencialidades acadêmicas que podem estar associadas à mobilização estudantil. Consideramos que é de fundamental importância que o corpo discente da História da Arte e da EFLCH mantenha o diálogo constante com os professores. Esse diálogo é fundamental para que exista troca de informações, para que mal entendidos sejam evitados e para que se possa efetivamente avançar na resolução dos problemas apontados pelos estudantes.Lembramos ainda que o corpo docente da História da Arte não está em greve e que repudia atitudes de violência, destruição do patrimônio público e invasões de qualquer natureza por parte dos alunos.
Por fim, é preciso mencionar que este documento é quase em sua totalidade uma retomada da carta aos estudantes elaborada pelo colegiado de História da Arte em resposta à greve dos estudantes de 2010. Isso não se deve à falta de imaginação do colegiado ou à uma má vontade em relação à elaboração deste documento, mas ao fato de que a situação do campus não se alterou substancialmente desde então.

Cordialmente,

Colegiado do curso de História da Arte/EFLCH/Unifesp

Guarulhos, 4 de abril de 2012

Situação Crítica – Debate, 04 de abril de 2012

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Faça o download do texto e participe!

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O Situação Crítica é um grupo de estudos de alunos e professores da Unifesp/Guarulhos que visa discutir a universidade e seu contexto social de forma reflexiva e crítica. As reuniões são abertas e para participar é recomendado ler os textos indicados.

Saiu no “SpressoSP”

Sob censura, greve na Universidade Federal de São Paulo completa 13 dias
Publicado em 3 de abril de 2012·

Movimento grevista enfrenta retaliações como bloqueio na internet e corte no fornecimento de água; greve possui adesão da maioria dos alunos e professores

Por José Neto, do Brasil de Fato

Há cinco dias, a página no Facebook “Greve Unifesp” está bloqueada. Ao tentar abri-la na sexta-feira (30/03), a comissão de greve da Universidade Federal de São Paulo se deparou com o seguinte aviso: “Por motivos de segurança, sua conta está temporariamente bloqueada”. Diante disso, ontem (02/04), a comissão decidiu criar uma nova página. Desta vez, conseguiu manter-se no ar por apenas dez minutos, não conseguindo nem ao menos fazer uma postagem, até receberem um outro aviso de que “devido à denúncia” a página deveria ser excluída, sem maiores explicações.
Além da censura na internet, o movimento também foi alvo de outra retaliação na última semana de março. O fornecimento de água por todo o campus foi interrompido – coisa incomum, de acordo com os grevistas, visto que nos períodos de aulas, com um número muito maior de estudantes presentes, nunca houve falta de água.

Motivos

A greve teve início no dia 22 de março, após assembleia realizada no campus da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, com a presença de quase todos os alunos e docentes da universidade. A paralisação ocorre devido aos problemas na infraestrutura, transporte, moradia e representatividade da instituição, que hoje é gerida pelo município de Guarulhos.
Desde 2007, o campus de humanas está instalado no bairro dos Pimentas, com a promessa da prefeitura de São Paulo de que seria de forma provisória, e, que o quanto antes, o prédio definitivo seria construído. Porém, o campus continua no mesmo local, e agora com um número maior de cursos e de alunos.
Segundo a comissão de comunicação da greve, a universidade possui recursos federais destinados às suas atividades. As salas do CEU (Centro Educacional Unificado), segundo a comissão, que deveriam ser para uso dos moradores do bairro dos Pimentas, estão sendo utilizadas pelos alunos da Unifesp por falta de salas de aula.
“Não somos contra a colaboração da administração municipal, mas pensamos que os recursos federais devem ser melhor utilizados e de forma transparente”, comenta o estudante Jonatas Santiago, um dos membros da comissão.

Transporte e moradia

Grande parte dos estudantes vem de regiões distantes da cidade de São Paulo e enfrentam uma jornada diária de pelo menos duas horas em transporte público. O mesmo se compara com a realidade dos moradores, que antes mesmo da universidade, já vinham enfrentando o caos no trânsito desde a Marginal Tietê até à avenida Juscelino Kubitchek, no Pimentas.
Para Jonatas, a vinda do campus para o bairro só fez piorar a situação, pois são mais de 2 mil alunos que optam por morar nas proximidades da universidade, intensificando cada dia mais o aumento no valor dos alugueis e do custo de vida em geral.“Não existe moradia estudantil no campus Guarulhos e em nenhum outro campus da Unifesp originários do Plano de Expansão das universidades públicas.”

Atividades

Apesar das dificuldades, alunos e professores realizam atividades em conjunto com os alunos do CEU, como a organização de um cursinho pré-vestibular para alunos da rede pública, atividades corporais como dança e capoeira.
Hoje (03/04), o movimento realizou um ato no vão do Masp para informar a população sobre os transtornos ocorridos na universidade. As próximas atividades da greve estão sendo divulgadas no blog greveunifesp.blogspot.com.br

fonte: SpressoSP

http://www.spressosp.com.br/2012/04/sob-censura-greve-na-universidade-federal-de-sao-paulo-completa-13-dias/