moção de repúdio dos professores e CARTA DE ESCLARECIMENTO

Abaixo a moção de repúdio dos professores e a resposta do movimento estudantil em forma de carta de esclarecimento, visto que o conjunto dos professores deliberou um repúdio a um fato sem ter o conhecimento do mesmo, isto é, sem ouvir ambas as partes, para que se tenha uma apreciação objetiva dos fatos.

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MOÇÃO DE REPÚDIO AOS ATOS VIOLENTOS

OS DOCENTES DO CAMPUS GUARULHOS, REUNIDOS EM ASSEMBLÉIA NO DIA 04/04/2012, REPUDIAM A OBSTRUÇÃO DAS SALAS DE AULA E AINTIMIDAÇÃO DE DOCENTES POR ESTUDANTES QUE PARTICIPAM DA PARALISAÇÃO ESTUDANTIL.

ATENCIOSAMENTE,

ASSEMBLÉIA DOS DOCENTES DA EFLCH/UNIFESP

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Guarulhos, 04 de abril de 2012

CARTA DE ESCLARECIMENTO

Como forma de resposta à moção de repúdio deliberada em Assembleia Geral dos Docentes, gostaríamos de esclarecer algumas questões.

Primeiramente, gostaríamos de ressaltar o repúdio do movimento estudantil a qualquer tipo de violência; em nenhum momento foi deliberado em Assembleia o uso de coação ou força contra qualquer setor da universidade. Apesar do que se alega, os estudantes não vêem os piquetes como uma forma de violência, mas sobretudo uma forma de resistência à real violência que todos nós, professores, estudantes e funcionários, sofremos cotidianamente em nosso campus, desde o acesso à universidade, à permanência e às condições de infraestrutura. Essa resistência, que se configura simbólica e fisicamente em um bloqueio à entrada dos estudantes e professores nas salas de aula,
representa também uma forma de luta e mobilização dos estudantes para manter uma decisão deliberada em Assembleia em 28/03, quando houve a presença de cerca de 1300 estudantes com a aprovação de mais de 80% dos presentes para a continuidade da greve -, deliberação que muitas vezes não é respeitada por uma minoria de estudantes. Quanto a isso, não temos nos restringido aos piquetes, haja vista que priorizamos o debate e o esclarecimento cotidiano com todos os estudantes e principalmente aquelesque podem estar alheios ao processo político em andamento no campus.

Do nosso ponto de vista, esse foi o intuito da intervenção ocorrida ontem, ou seja, o de estabelecer um diálogo com os estudantes assim como com o professor, e em nenhum momento foi
feito algum tipo de ameaça ou violência à integridade moral e física daquele. Há um esforço diário em promover atividades de calendário que possam fomentar debates e reflexões sobre as atuais
condições do nosso campus, assim como em relação ao processo de organização e mobilização dos estudantes, esta que vai no sentido de convergir pautas comuns com os professores e funcionários, como
já foi dito anteriormente. Inclusive, temos ocupado salas para o desenvolvimento de oficinas, reuniões, grupos de discussão e sessões de vídeo, com o intuito de substituirmos os piquetes de forma construtiva com intervenções artísticas e debates políticos.

Diante disso, estamos mobilizados, sobretudo, em torno de uma universidade pública de qualidade, e mais ainda, por condições mínimas de acesso e permanência. E, nesse sentido, imaginamos
que esse também seja o intuito dos professores atualmente mobilizados. Porém, é preciso ter claro que estudantes e professores tem formas e métodos de luta específicas a suas categorias, mas isso não impede que nossa mobilização se unifique e nem que esses métodos sejam revistos, tanto por uma
quanto pela outra categoria, em determinado momento da nossa articulação. Afinal, estamos propondo um programa único, que é o de reconstrução de uma universidade pública erguida sobre muros
totalmente frágeis e da construção de um novo projeto de universidade.

No mais, deixamos nossa abertura a novos esclarecimentos sobre o ocorrido, assim como para demais questões que se queiram ser discutidas.

Assembleia Geral dos Estudantes da UNIFESP-Guarulhos

Carta do Colegiado de Professores aos alunos do Curso de Pedagogia

Nós, professores do curso de Pedagogia, consideramos que muitas das reivindicações do movimento estudantil são justas, diante do quadro de fragilidades estruturais que vivemos e que é reconhecido por todas as instâncias da UNIFESP.

A nosso ver, é preciso que discentes, técnico-administrativos, docentes e as instâncias institucionais do campus (que são constituídas por estes) deem andamento a uma ampla discussão sobre os modos de funcionamento da universidade pública federal, o projeto coletivo do campus e da instituição como um todo. Nossa existência, como docentes e estudantes, deve-se a um princípio de democratização do ensino superior público, que implica uma transformação considerável nos modos de organização tradicionais do ensino superior. Precisamos ficar atentos para que o momento que vivemos não nos faça perder de vista as três funções primordiais da Universidade Pública no Brasil: ensino, pesquisa e extensão.

A reposição das aulas será discutida assim que as atividades acadêmicas voltarem à normalidade.

Docentes do Curso de Pedagogia.