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Piquete no dia 27 de abril de 2012
[vimeo http://www.vimeo.com/41244899 w=640&h=480]
Vídeo que mostra parte do que ocorreu no dia 27 de abril na sala 18.
Nota de esclarecimento: Muitos estão colocando a questão da edição do vídeo, gostaríamos de esclarecer que até o dia de hoje, data onde o vídeo foi colocado no ar, estava em posse da comissão apenas partes do que foi gravado. São vários vídeos que juntos compõem esse vídeo final, por isso a edição.
Não há tentativa de manipular nada, portanto que fique claro que são partes do que ocorreu, cabe a cada um avaliar e tirar suas próprias conclusões. A maior prova disso é que algumas partes que são fundamentais para o movimento – como o momento em que o profº ameaça um estudante – não estão aí, portanto se houvesse tentativa de manipulação com certeza essa parte estaria e talvez outras não.
Já estamos trabalhando para produzir vídeos com depoimentos dos envolvidos e procurar quem mais tiver material sobre o que ocorreu para divulgação.
é greve…
Professor Julio Naranjo incita violência contra grevistas e ameaça estudante
O professor do curso de história, Julio Moracen Naranjo, atacou novamente os estudantes que, democraticamente, decidiram entrar em greve. Na tarde do dia 27 de abril, sexta-feira, um grupo de estudantes a favor da greve realizou uma ação para barrar uma aula que estava sendo dada pela professora Ana Nemi, pois dois dias antes, a assembleia geral estudantil havia votado a continuidade da greve por ampla maioria e, tantos os alunos que assistiam a aula como a professora, estavam desrespeitando a decisão e passando por cima de uma deliberação coletiva.
Diante deste fato, o professor Julio Naranjo, com o apoio de alguns estudantes recrutados por ele para propositalmente gerar confusão e tentar difamar os grevistas, entrou na sala e começou a agredir verbal e fisicamente aqueles que lutavam para que a decisão da
assembleia prevalecesse. O professor tentou partir para cima de alguns alunos, os atacou com insultos e, poucos minutos depois chegou ao absurdo de ameaçar um deles de morte. Julio disse claramente a um estudante: “Eu já matei. Eu sei matar”. Uma clara ameaça e uma atitude de alguém que só pode ser completamente contra os direitos democráticos dos cidadãos, pois somente em ditaduras é que grevistas e pessoas que lutam pelos seus direitos correm risco de morte por protestar.
Durante a confusão, inclusive, uma estudante do curso de Ciências Sociais foi agredida por um dos fura-greve. Ou seja, além de não respeitarem os direitos dos grevistas, estas pessoas que, diga- se de passagem, dizem agir em nome da “institucionalidade”, também não respeitam os direitos das mulheres. Como podem eles defender a “institucionalidade” se atos como a agressão de mulheres são considerados crime?
Na verdade, os defensores da “institucionalidade”, para repetir o cinismo da carta do diretor acadêmico, Marcos Cezar, têm uma ação completamente a margem da Lei, desrespeitam os direitos das pessoas e, se for necessário, como mostra este caso relatado acima, agridem deliberadamente seus opositores.
Este não é o primeiro fato desta natureza envolvendo o professor Julio Moracen Naranjo. No dia 25 de abril, pouco antes da assembleia dos estudantes, Naranjo furtou uma bandeira de Cuba com a foto de Che Guevara que havia sido colocada em um mastro na frente do espaço de Vivência Carlos Marighella, barracão construído pelos estudantes para protestar contra o fato da reitoria até agora não ter começado as obras para erguer o prédio definitivo do campus. O estudante conseguiu recuperá-la no mesmo dia e ela foi recolocada no lugar. No dia 27, no entanto, pouco antes da confusão que ele mesmo causou, Naranjo voltou a furtar a bandeira. Fato que, inclusive é crime, pois a bandeira pertence a um aluno que, gentilmente, havia emprestado ela para o movimento estudantil. No dia 27, os estudantes, apesar dos apelos, não conseguiram recuperar algo que estava sob posse
deles. Observamos neste caso que a tal “institucionalidade” dos anti-greve tolera até mesmo o furto de objetos pessoais quando a situação convém a eles.
O mais grave, porém, é o caráter político do ataque articulado por Julio Moracen Naranjo. Neste momento, a reitoria e a diretoria acadêmica estão ameaçando abertamente reprimir o movimento estudantil. Eles entraram na Justiça contra o Comando de Greve,
disseram que irão abrir sindicâncias contra os grevistas, entre outras coisas. O ataque do professor Naranjo, neste sentido, é parte da política de repressão e cassação dos direitos democráticos dos grevistas e da comunidade acadêmica como um todo. Trata-
se de uma atitude provocativa que tem como objetivo agredir e intimidar os que lutam pelas suas reivindicações e causar confusão naqueles que apoiam a greve. Mostra que por trás do discurso da ordem se esconde uma perversa tirania que tenta impedir que as pessoas expressem suas opiniões e lutem pelos seus direitos, no caso, o direito de estudar em uma universidade que seja realmente pública, que tenha qualidade e aberta para toda população.
Neste sentido, atitudes de violência contra o movimento grevista devem ser rejeitadas de forma veemente, pois elas escondem, como notamos neste caso, uma posição favorável a que a universidade se transforme em um verdadeiro campo de concentração, onde as pessoas não podem mais exercer os seus direitos, se manifestar, lutar por aquilo que acreditam.
O movimento estudantil repudia este tipo de ataque. Todos aqueles que defendem as liberdades democráticas devem fazer o mesmo para que esta luta contra a ditadura que se instalou nas instituições de ensino superior do País possa continuar se desenvolvendo e seja vitoriosa.
Informe: Registro da reunião dos docentes de GRU com o reitor
Foi encaminhado para o comando de greve um registro da reunião dos docentes com o Reitor.
Está disponível na página da mobilização docente:
http://greveunifesp.wordpress.com/boletins-diarios-sobre-a-mobilizacao-de-docentes/
Nota de esclarecimento: Piquetes e greve
Há muitos boatos e fatos mal esclarecidos rolando pela internet, portanto nos sentimos na necessidade de postar uma nota de esclarecimento em relação aos últimos fatos ocorridos.
A decisão pela permanência da greve é um direito dos estudantes que se manifestam através do voto em assembléia. Isso, é inegável. Mesmo que alguns estudantes questionem essa deliberação, tendo quórum mínimo durante a votação, ela é legitima e continuará sendo defendida pelos estudantes que acreditam na mobilização estudantil. Assim como é um direito dos estudantes criticarem o movimento e se posicionarem contra a greve, também é um direito daqueles que a defende, utilizar de métodos para garanti-la.
Em relação aos argumentos contra a violência dos piquetes e das ações de movimento estudantil, temos algumas considerações a fazer:
1) A maior violência tem sido praticada por aqueles que não respeitam a deliberação em assembléia pela permanência da greve. Os professores e alunos que de forma covarde promovem aulas quando a maioria do campus se encontra paralisado são os primeiros a violentar o movimento estudantil.
2) Se os professores não estivessem promovendo aulas de forma covarde, como pontuamos acima, não seria necessário fazer piquetes. SÓ HÁ UM MOTIVO PARA SE AGIR DESSA FORMA, porque precisamos garantir a decisão da assembléia dos alunos, que é SOBERANA.
3) Quando a greve é desrespeitada e aulas acontecem, MUITOS perdem e POUCOS ganham. Com a greve estabelecida, a maioria do campus NÃO TEM COMPARECIDO A ESSAS AULAS e os poucos que vão para “furar a greve” acabam prejudicando essa maioria. E é uma questão simples e lógica, se há aula, há lista de presença, logo uma minoria acaba prejudicando a maioria. Portanto, quando os professores se posicionam como vitimas é preciso refletir quem realmente está perdendo com essa ação.
4) Para quem está presente no campus todo dia é CLARO e evidente que a porcentagem de alunos que tem “furado a greve” e assistido aulas é muito pequena diante do número de alunos do campus. Logo, as ações do movimento só tem uma finalidade: GARANTIR que essa maioria do campus que não está em aula, não seja reprovado por falta depois que a greve terminar. E isso não contempla só o comando de greve, MAS TODOS OS ALUNOS que favoráveis ou não a greve, tem respeitado a decisão da assembleia geral dos estudantes.
Finalizando, pedimos que todos os estudantes ponderem melhor sobre os argumentos que tem sido postos em comentários do blog e redes sociais. Há muita coisa sendo dita e nem tudo é de fato verdade. Muitas ações foram gravadas e a comissão de comunicação já tem se mobilizado para colocar os vídeos no ar, e ai então as coisas poderão ser esclarecidas. Até lá, cabe a cada um avaliar de forma crítica o que é de fato violência e quem na verdade tem sido prejudicado com essas ações que ocorrem todos os dias no campus. Se são os “violentos alunos do movimento estudantil” ou os professores e alunos que de forma covarde não respeitam uma decisão tirada em assembléia.
No blog do JUNTOS!: Unifesp em greve!
por Andreza Maciel Figueiredo, Arlley Parreira e Iann Longhini*
A situação na Universidade Federal de São Paulo está crítica, problemas estruturais nos campi de expansão são gritantes. Para termos uma ideia, o teto do prédio recém-inaugurado da Baixada Santista desabou, os estudantes de Osasco não possuem salas de aula e até o campus São Paulo sofre com infraestrutura, com o problema de incêndio no bandejão, entre outros.
Aqui nos Pimentas, percebemos que o descaso é ainda maior! Desde 2007 foi nos prometido um prédio que até agora não saiu do papel, milhares de livros estão ao relento por não possuírem local para ao menos serem armazenados, nosso bandejão, que já não atendia a demanda dos estudantes em 2011, agora com a entrada de mais de 500 estudantes nesse ano, fica inviável arriscar um lugar, tendo muitos alunos que comer nas partes externas com o prato na mão. Sem mencionarmos as salas de aula inexistentes, pois quando o professor chega para dar aula, já existe outra disciplina sendo ministrada na mesma. Por isso, algumas aulas são ministradas desde 2010 no CEU-Pimentas, ano em que foi inaugurado. Este que é destinado à população guarulhense, é ocupado por estudantes e salas de aula da Universidade Federal de São Paulo. Somos contra a utilização do CEU por isso: o CEU é da população!
Na Unifesp não há espaço ou equipamentos necessários para o desenvolvimento desejado de pesquisas científicas ou grupos de estudos. O laboratório de informática opera apenas com resquícios de internet, superlotando em épocas de prova e, assim, impossibilitando impressões, uma vez que geralmente apenas uma das máquinas funciona regularmente. A xérox avoluma filas gigantescas em todo início e final de semestre, fazendo com que seja impossível xerocar os textos da aula sem desperdiçar pelo menos meia-hora esperando.
Frente a tudo isso, no dia 22 de março os alunos reunidos em assembleia decidiram por paralisar as atividades acadêmicas reivindicando o fim do imbróglio burocrático para a construção do prédio, melhorias estruturais e paridade nos órgãos burocráticos da universidade. O movimento ganhou força e na assembleia seguinte mais de 80% dos estudantes decidiram pela continuidade da greve. Com quórum também recorde os professores decidiram por paralisação com tempo determinado de uma semana a partir de assembleia que será realizada para ratificar o movimento dos professores em 11/04.
O que os alunos estão fazendo, talvez, seja um movimento contrário dos professores, pois alguns colegiados se reuniram e apoiaram a saída da Unifesp do Bairro dos Pimentas, enquanto os estudantes têm isso como uma de suas bandeiras principais e realizaram um ato no dia 28/03 com o tema “derruba o muro, a Unifesp é de todo mundo” e um vídeo para que a Unifesp permaneça no bairro. Mas o movimento não se restringiu somente a Guarulhos, a luta dos estudantes da Unifesp-Guarulhos busca cada vez mais ampliar-se e pluralizar-se, como pela realização de um flash mob na Av. Paulista, no dia 03/04, pelo projeto de unificação de todas as universidades federais que vivem uma situação parecida, o que não é à toa, mais de 20 universidades federais entraram em greve nos últimos anos.
Além de tudo isso, com o Sisu, estudantes oriundos de todas as partes do Brasil chegam para estudar em São Paulo, porém, existem dificuldades para a permanência destes estudantes e de todos os outros no campus que precisam de algum tipo de auxílio-permanência. A dificuldade de acesso pela precariedade de transporte público, ou pela escassez de auxílios estudantis e constantes atrasos nos pagamentos dos beneficiados fazem com que o campus Guarulhos seja um dos maiores em evasão em toda Unifesp. Pesquisa realizada pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis revela que a maioria da família dos estudantes do campus Pimentas tem renda inferior a cinco salários, porém, não é o campus que recebe mais assistência.
Estamos na luta para que Estudantes, Professores e Funcionários estajam JUNTOS! na luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade!
Estamos JUNTOS! por:
– Uma democratização de fato da universidade pública (hoje 80% dos alunos do ensino superior estudam em instituições privadas, o que denota o avanço constante do ensino privado, pela falta de qualidade e de vagas no ensino público);
– Por infra-estruturas e condições adequadas às universidades públicas de um país que se diz a 6ª economia do mundo, mas 84º IDH e 88º educação;
– Por uma estrutura tripartite de poder na universidade pública, por conselhos universitários que representem a totalidade da comunidade acadêmica, e não os atuais fantoches que apenas legitimam as decisões da burocracia acadêmica.
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*Andreza Maciel Figueiredo, Arlley Parreira e Iann Longhini são estudantes da Unifesp-Guarulhos dos cursos de Letras, Filosofia e Ciências Sociais, respectivamente e são militantes do Juntos! Por outro Futuro
Quem são os defensores da democracia na Unifesp?
Em nome da luta contra um suposto “autoritarismo” do movimento estudantil, a reitoria ameaça colocar a universidade sob intervenção policial. Uma ação tipicamente ditatorial
27 de abril de 2012
Depois de pouco mais de um mês de greve na Unifesp, a reitoria começou a atacar de forma mais decidida os estudantes que estão lutando pelos seus direitos. A principal arma da burocracia universitária é a repressão como pode ser visto nos casos em que a Tropa de Choque foi enviada para conter um ato realizado no último dia 20 de abril, na ameaça de novos processos contra os estudantes que participam da greve e no ataque aos piquetes e barricadas montadas desde o primeiro dia de paralisação das aulas.
Em nome da luta contra uma suposta “violência” e, de forma ainda mais hipócrita, em “defesa” do direito de ir e vir, a Diretoria Acadêmica de Guarulhos ordenou que os funcionários desfizessem as barricadas e colocou ocampus e a comunidade acadêmica sob ameaça de intervenção policial caso esta resolução fosse descumprida. Esta questão tem grande relevância para todos os membros da Escola de Filosofia e Ciências Humanas (ELFCH), principalmente para os estudantes que estão participando da greve. É preciso desfazer as confusões geradas pela reitoria e diretoria acadêmica de que estão agindo em nome da “democracia” contra os grevistas que, por sua vez, seriam autoritários em seus atos.
Em primeiro lugar, a única ditadura e autoritarismo que existe na Unifesp parte da burocracia universitária. Foi na época da ditadura militar e agora, com governos que preservam praticamente a mesma estrutura daquele regime, que as universidades estão sendo colocadas sob intervenção policial. Exemplo disto é a USP, onde o governo do PSDB colocou a PM para conter o movimento estudantil e privatizar a universidade, eliminando a resistência contra este projeto. Colocar a universidade sob ameaça de intervenção policial é o oposto de defender a democracia. Pelo contrário, a utilização do aparelho repressivo do Estado para a resolução de conflitos dentro da universidade é uma ditadura e fere, entre outras coisas, a autonomia universitária, ou seja, o direito de professores, estudantes e funcionários gerirem a instituição sem a interferência governamental.
O “curioso” é que a maioria dos professores que protestaram contra o “autoritarismo” do movimento estudantil simplesmente se calou diante destes diversos ataques. É sempre bom lembrar que os partidários do golpe de 1964 também afirmavam agir em nome da “democracia”. A políticas deles, no entanto, levou o País a um dos períodos de maior perseguição aos cidadãos durante a história nacional. Por isso, defender a democracia na Unifesp, de forma verdadeira e não em palavras, é, sobretudo, defender neste momento o direito dos estudantes agirem politicamente. Neste caso, defender o direito deles paralisarem as aulas e entrarem em greve.
Direito individual vs direito coletivo
Quando se trata de democracia a questão central para uma população é sua capacidade de interferir nas decisões governamentais, ou seja, de controlar as instituições públicas. Na universidade, no entanto, a comunidade universitária está completamente desprovida de controle sobre os órgãos que tomam decisões que afetam diretamente a vida de todos. A reitoria, por exemplo, é um órgão burocrático completamente divorciado das pessoas que fazem parte da Unifesp. Da escolha do reitor à votação do orçamento, estudantes professores e funcionários têm participação meramente figurativa. As decisões são tomadas de forma unipessoal pelo reitor (indicado pelo presidente) e pelos diretores acadêmicos indicados por ele.
Por isso, o setor mais excluído das decisões políticas, os estudantes, tem na sua ação política a principal arma para interferir nas decisões e fazer com que suas reivindicações sejam atendidas. A greve, por exemplo, é a ação daqueles que, privados de decidir sobre os seus interesses a partir de um debate livre, precisam recorrer a estes meios para serem ouvidos.
A reitoria e alguns professores, no entanto, estão opondo a greve, ou seja, uma ação coletiva em defesa do direito de todos, a um suposto “direito individual de ir e vir”. Eles opõem, desta maneira, a greve ao “direito” que cada um teria de furar a greve.
O argumento é falso porque ao furar a greve, as pessoas que realizam este ato estão atacando o direito dos estudantes de agirem de forma coletiva e política por seus direitos. Não estão defendendo nenhum direito democrático. Estão, na verdade, impedindo e colaborando para que a reitoria impeça manifestações contrárias a ela.
Os direitos coletivos devem se sobrepor aos direitos individuais para garantir a liberdade de expressão e manifestação. Por isso, furar a greve não é um direito democrático. É justamente o oposto disto, pois contribui para que a Unifesp seja colocada em um verdadeiro Estado de sítio e que uma minoria governe a universidade em defesa de seus interesses particulares, contra a vontade e as necessidades da maioria.
A luta democrática do movimento estudantil
Os principais defensores da democracia na Unifesp agora são aqueles que estão, através da greve, se opondo ao atual regime de poder. A greve de Guarulhos, por exemplo, se levantou contra os processos contra os 48 estudantes que ocuparam a reitoria em 2008 contra a corrupção e em defesa de melhores condições de ensino. Além disso, ao defenderem reivindicações para melhorar a universidade em benefício de todos os estudantes estão, entre outras coisas, atuando em defesa da vontade da maioria e lutando para que a soberania da comunidade universitária prevaleça. E, sem soberania da maioria da comunidade unifespiana, não pode haver democracia.
Outro fato é que muitas pessoas já assinalaram que as universidades têm um regime de poder anacrônico, conservando características medievais por se basear em uma falsa “meritocracia” e em um poder “divino” dos professores mais graduados. Nas universidades não há sequer eleição direta para reitor, com todos os cidadãos tendo direito igual na hora da escolha. A luta dos estudantes, neste sentido, também é democrática na medida em que expressa o povo (comunidade universitária) em oposição à aristocracia (reitoria).
Neste sentido, chamamos todos os estudantes, funcionários e os professores que não estão comprometidos com a burocracia universitária a rejeitar a ditadura que a reitoria está tentando impor contra os grevistas.
Fonte: http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=36064
CHAMADO: FORTALECER OS PIQUETES, GARANTIR A GREVE!!!
Convocamos todos os alunos a comparecer no campus amanhã as 12:30hrs para garantir a greve atráves dos piquetes.
Uma decisão da maioria presente em assembleia discente precisa ser garantida, por isso convocamos a todos!
Pronunciamento do deputado federal Ivan Valente (PSOL/SP) em apoio à greve dos estudantes da Unifesp de Guarulhos
Pronunciamento do deputado federal Ivan Valente (PSOL/SP) em apoio à greve dos estudantes da Unifesp de Guarulhos e sobre as péssimas condições de funcionamento daquela unidade.
Senhor Presidente, senhoras e senhores Deputados,
Venho a esta Tribuna expor a situação gravíssima de algumas universidades federais em São Paulo. Estudantes e docentes do campus Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), já há algum tempo, protestam contra a situação precária de funcionamento da unidade. Eles estão em greve desde o dia 28 de março e os docentes realizaram uma paralisação de uma semana. Com o movimento, denunciam a situação caótica do campus, resultado da expansão de vagas sem planejamento e sem a necessária ampliação de recursos orçamentários que permitam a organização de uma estrutura de funcionamento capaz de garantir um padrão mínimo de qualidade.
Nem mesmo o espaço físico para as aulas está garantido na Unifesp. Já há um bom tempo, alguns cursos precisam utilizar as salas de aula de um centro educacional da prefeitura de Guarulhos, localizado ao lado do campus. A falta de infraestrutura adequada e os problemas que surgem em função da superlotação prejudicam a realização das atividades acadêmicas e comprometem a qualidade da formação profissional.
Esta situação que encontramos no campus Guarulhos da Unifesp é só mais um dos vários exemplos dos efeitos da implementação do REUNI, plano de expansão das universidades públicas do Ministério da Educação, criado e executado pelas gestões petistas, e que explicita nesses problemas a sua verdadeira face: um programa insuficiente e com graves vícios “eleitoreiros”, que trata a questão do direito à educação superior a partir de uma lógica economicista, que amplia atendimento em detrimento da qualidade.
O resultado desse quadro é, para a Unifesp de Guarulhos, um cenário de abandono e descaso, com uma completa insuficiência na infraestrutura e nas condições para o funcionamento de uma universidade. Os estudantes denunciam também que as poucas propostas de solução para a questão do espaço apresentadas pela Reitoria encontram-se totalmente paralisadas, em função de problemas nos processos licitatórios, sobre os quais faltam informações claras.
Mas a questão do espeço físico é apenas um dos itens na pauta de reivindicações dos estudantes, que também abrange a reivindicação por moradia estudantil, a ampliação do restaurante universitário, bem como do laboratório de informática e da copiadora. Há também uma série de itens relacionados ao acesso e permanência dos estudantes, como melhoria do transporte e revisão dos valores do “auxílio permanência”.
Além disso, são apresentadas reivindicações sobre a questão da democracia e a participação estudantil na gestão da Universidade. Os estudantes denunciam que os “mecanismos institucionais de representação não contemplam satisfatoriamente a categoria discente, no interior da Congregação, nem a comunidade acadêmica do campus Guarulhos, no Conselho Universitário”.
Por fim, mas não menos importante, os estudantes posicionam-se contra os processos judiciais movidos contra alunos que participaram da ocupação de 2008, num ato eminentemente político, também de reivindicação legítima por melhores condições na universidade, e que vem sendo tratado como um “caso de polícia”.
A situação é semelhante a tantas outras que infelizmente temos presenciado, em diversos episódios de criminalização dos movimentos sociais. A partir de um discurso burocrático e legalista, que apenas camufla uma intencional e elaborada forma de repressão, tenta-se calar aqueles que ousam manifestar sua insatisfação diante de desmandos e descasos e que insistem em defender direitos constitucionais nas universidades. É por isso que devemos, senhoras e senhores Deputados, nos posicionar fortemente contra esses processos de nítida perseguição política, que ferem os princípios básicos da democracia.
Cabe ainda ressaltar que a motivação para a ocupação de 2008 pelos estudantes já era a questão da falta de estrutura, que nesse momento fica ainda mais inquestionável pelo próprio posicionamento dos docentes da unidade Guarulhos. Cito a resolução da assembleia dos docentes da UNIFESP de Guarulhos:
Considerando as precárias condições para o exercício das atividades acadêmicas, das condições de trabalho e da infraestrutura, os professores da Unifesp – campus Guarulhos, em Assembleia Geral realizada no dia 09/04/2012, decidiram realizar uma mobilização, com paralisação por tempo determinado, de 12 a 19/04/2012 para produzir um diagnóstico da situação do campus e propostas de encaminhamentos, com vistas a melhoria das condições acadêmicas (ensino, pesquisa e extensão) a curto, médio e longo prazos.”
O mais sério é que as condições encontradas no campus Guarulhos refletem também a realidade encontrada em outros campi da Unifesp. E as indicações do Governo Federal não apontam para a solução deste problema. Ao contrário, insistem no aprofundamento desse modelo de ampliação do atendimento, através de bolsas em instituições privadas de qualidade duvidosa e, em uma escala muito menor, na criação de unidades em condições muito precárias de atendimento. Isso fica evidente pela proposta contida no PL8035/10, o novo Plano Nacional de Educação, que prevê uma ampliação mínima nos recursos para o ensino superior público ao longo da próxima década, ao mesmo tempo que o Governo prioriza o pagamento de juros e amortizações da dívida pública à instituições financeiras privadas.
Manifestamos aqui então nosso apoio à luta dos estudantes e docentes do campus Guarulhos da Unifesp, reforçando a cobrança da comunidade acadêmica por soluções rápidas e concretas acerca das condições de funcionamento da unidade.
Muito obrigado.
Ivan Valente
Deputado Federal PSOL/SP
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