Segue Manifesto lido e entregue à Reitoria da UNIFESP.
Manifesto dos estudantes em luta na UNIFESP
A situação na Universidade, ainda que não seja exatamente a mesma em cada um dos campi, demonstra, cada vez mais, a ausência de planejamento e projeto de Universidade. Demonstra, também, que a expansão é um nome airoso – impregnado de incenso – para inserir uma política de desmonte da educação pública, a saber, o REUNI – rendendo bons frutos nas eleições.
Soma-se a isso os estreitos corredores deste labirinto não muito claros, em que essa Administração oficial enclausura a comunidade universitária e que é disposto textualmente em um Estatuto vertical, burocratizado e impenetrável. Ainda há que falar da casta dominante nos órgãos dirigentes da Universidade e as fundações privadas, como a FAP, que servem como verdadeiro caixa dois, sendo denunciada até mesmo pelo Tribunal de Contas da União recentemente.
Não é difícil traçar um rápido panorama: o desabamento de parte do teto do prédio no campus Baixada Santista, construído sem licitação e entregue incompleto, sem alvará nem habite-se; as precárias e insalubres instalações no interior dos campi em geral; a falta de professores e espaço físico no campus Osasco e a necessidade de contratação de mais professores em São José dos Campos; a situação extremamente crítica em que se encontra a comunidade universitária em Guarulhos, a estrutura deficitária e frágil em todos os campi já existentes, sem falar na criação de novos campi em Embu das Artes, Itaquera, Santo Amaro, e outros que podem “estar por vir”. Podemos perceber que tais problemas não são meramente fatos desconexos ou coincidentes, mas que desvelam uma relação íntima e coesa no tecido maior que os enreda.
Acrescente-se a isso a infeliz colocação de nosso atual Reitor, Walter Manna Albertoni, em entrevista concedida ao Estadão em 2010. Para ele, o que importa são “bons professores e estudantes bem selecionados. Com isso, pode-se ter aula até embaixo de uma árvore” – mesmo não sendo um jequitibá.
Em 2010, o movimento dos estudantes em luta na UNIFESP superou a fragmentação e começou a ganhar força, mas a Reitoria soube bem trabalhar com isso, conseguindo dar fim à luta através de promessas ilusórias. Hoje, 2012, estamos um pouco mais calejados – porém fortalecidos -, Reitor.
Não adianta tentar isolar o movimento de Guarulhos dos demais campi, atendendo uma ou outra pauta, como quem esbanja migalhas; as belas piruetas do jogo diplomático, o discurso de palanque e o gerundismo do parecer-estar-fazendo já são por nós muito conhecidos. É que a experiência nos ensinou e, francamente, estamos cansados.
Viemos assim, de forma unitária, lançar esse manifesto tendo em vista exigir que o Reitor se pronuncie quanto às reivindicações dos campi, que negocie com o movimento de greve em Guarulhos, e que se responsabilize pela crise política que está instaurada nesta Universidade há algum tempo.
O poder da Reitoria emana de um setor minoritário que usurpa a Universidade por interesses cada vez mais mercadológicos. Será que as sindicâncias, repressões policiais e intimidações garantirão essa ordem vigente na Universidade?
Até quando, Reitoria, abusarás da nossa paciência? Até quando?
Assinam este manifesto:
COMANDO DE GREVE – GUARULHOS
Diretório Acadêmico XIV de Março da UNIFESP – OSASCO
Centro Acadêmico Pereira Barretto – CAPB – Medicina
Centro Acadêmico Ana Brêtas – CAAB – Enfermagem
Centro Acadêmico Leal Prado – CALP – Biomedicina
Centro Acadêmico de Fonoaudiologia – CAF – Fonoaudiologia
Centro Acadêmico de Tecnologias em Saúde – CATS – Tecnologias em Saúde
Centro Acadêmico dos Estudantes de Letras – CAEL
e demais entidades que compõe o Conselho Representativo do DCE (CR-DCE)