Carta aberta à população dos Pimentas

Carta aberta à população dos Pimentas

Pelo que lutam os estudantes que ocupam a diretoria da Unifesp

Em 2007, foi inaugurado o campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) na cidade de Guarulhos. Localizado no bairro dos Pimentas, a promessa do governo era que a primeira universidade pública do município, principalmente pelo fato de estar localizada neste bairro, facilitaria o acesso da população ao ensino superior. Além disso, traria uma série de benefícios aos moradores, uma vez que a instituição prestaria inúmeros serviços por meio de seus projetos e pesquisas.

A população dos Pimentas, no entanto, está até hoje sem receber os ditos benefícios e, pior do que isso, praticamente não tem acesso às vagas oferecidas nos cursos da instituição. O número de alunos que residem no bairro e ingressam na Unifesp é extremamente reduzido. E estes moradores que são alunos da Unifesp, assim como o conjunto dos estudantes, têm uma série de dificuldades para se manter na universidade e dar continuidade aos seus estudos.

Além desta questão, a Unifesp ainda sofre com problemas estruturais. Não há uma infraestrutura adequada, prova disso é que o prédio definitivo da unidade até hoje não foi construído e, por este motivo, não existem salas de aula suficientes para os alunos estudarem. Por isso, a Unifesp teve que ocupar salas de aula que deveriam ser destinadas exclusivamente para a população do bairro no Centro de Educação Unificado (CEU). Na Unifesp, são oferecidas poucas bolsas de ensino, os valores destas são insuficientes e, também neste caso, quem mais sofre são os alunos mais pobres.

Os estudantes da Unifesp compartilham dos mesmos problemas da população do bairro por causa do descaso dos seguidos governos das esferas municipal, estadual e federal. Sofrem com um transporte público caro e de péssima qualidade, com a dificuldade de ter acesso à moradia e outros direitos fundamentais.

Por isso, desde o dia 22 de março os estudantes da unidade de Guarulhos estão em greve por melhores condições de ensino e, desde o dia 3 de maio, estão ocupando a diretoria da Unifesp. Os estudantes também lutam contra a repressão, pois o mesmo processo político usado para cassar os direitos democráticos da população também é usado para calar o movimento estudantil. A greve e a ocupação dos estudantes por uma universidade pública de qualidade, neste sentido, faz parte da mesma luta de toda a população por melhores condições de vida, contra a repressão policial e contra todas as medidas governamentais que têm como objetivo beneficiar um pequeno grupo de empresários e banqueiros que controlam o País à custa do sofrimento de milhares de pessoas.

Nós, estudantes que ocupamos a diretoria da Unifesp, também lutamos contra o fato das instituições de ensino superior serem locais fechados, onde a população não tem acesso e o conhecimento produzido ou serve para grandes empresas ou simplesmente é alheio aos interesses e necessidades do povo. Queremos por fim ao divórcio entre a universidade e a sociedade e, no nosso caso em particular, por fim às distâncias que existem entre a Unifesp e o bairro do Pimentas.

As universidades deveriam existir para promover o desenvolvimento do País, atender as necessidades da população e estar a serviço da causa política do setor mais explorado do povo. Elas, no entanto, foram até agora instituições que fizeram justamente o oposto disto.

Nós ocupamos a Unifesp contra esta triste realidade e, agora, chamamos toda a população a apoiar e tomar parte em nossa luta para que, de fato, a população possa desfrutar da universidade. A ocupação serve para que, a partir do crescimento desta luta, os moradores do bairro também possam, sem restrições como o vestibular, ingressar na Unifesp e, como consequência deste processo, que a Unifesp também sirva ao bairro e a toda população brasileira.

Uma universidade aberta e que esteja voltada para o interesse do povo. É nisto que nós acreditamos, é por isso que lutamos! E esta luta também é de todos os moradores do bairro dos Pimentas.

 

 

Saiu na imprensa – Rede Brasil Atual

Greve na Unifesp para quase metade dos alunos e ganha adesão dos professores

Construção de um novo prédio definitivo para o campus é uma das principais reivindicações; paralisação dos alunos começou há 20 dias e docentes vão cruzar os braços nesta quinta

Por: Vanessa Ramos

Publicado em 10/04/2012, 14:55

Última atualização às 19:40

São Paulo – Estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no bairro dos Pimentas, em Guarulhos, na Grande São Paulo, estão em greve há 20 dias, por tempo indeterminado, pela construção de um prédio definitivo do campus que abriga a Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH), melhorias no transporte, moradia estudantil no entorno e transparência nos processos burocrático da universidade.
Dos 3 mil alunos, aproximadamente 1,3 mil estão parados desde 22 de março, e dos 200 professores, 130 decidiram aderir à paralisação entre quinta-feira (12) e o próximo dia 19, quando pretendem apresentar à comunidade um documentário com denúncias dos estudantes relativas à universidade.
A mobilização dos estudantes ganhou corpo a partir de 2010, quando o movimento estudantil reivindicava um novo prédio para a universidade e a implementação de uma linha de ônibus partindo do metrô Itaquera, na zona leste da capital, para o bairro dos Pimentas.
Segundo o estudante Jonatas Santiago, representante do movimento estudantil da Unifesp, a construção de um prédio próprio já havia sido anunciada pela universidade em 2007. Para ele, a estrutura atual não tem capacidade para acomodar os estudantes e também não recebe a manutenção adequada. “Na intenção de ampliar o espaço, a universidade fez divisórias para acomodar a sala dos professores. São soluções paliativas que não resolvem o problema”, disse.
Santiago afirmou que a universidade recebe recursos da União para serem aplicados às necessidades emergenciais. Atualmente, por falta de espaço, os estudantes assistem às aulas à tarde e à noite, no Centro Educacional Unificado (CEU) Pimentas.
Esse fato é confirmado por funcionários concursados que não quiseram se identificar. Eles afirmaram que atualmente há cerca de 30 salas de aulas, mas a demanda é de 50, no mínimo. Também informaram que existem 55 funcionários e 80 terceirizados, quando seria necessário o dobro para atender à demanda, crescente nos últimos anos. Os trabalhadores afirmam ainda que o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da universidade não é posto em prática.
Santiago disse ainda que o número de funcionários para atender à comunidade acadêmica é reduzido e que a biblioteca não possui espaço suficiente para o acervo de livros. “Temos 16 mil livros estocados em caixas.”
Na “Carta de Reivindicações”, os estudantes exigem a conclusão do processo de licitação da obra de construção do prédio central, com acompanhamento de uma comissão paritária envolvendo professores, alunos e técnicos administrativos. Também cobram a compra de um terreno onde existe um galpão já alugado pela Unifesp, localizado próximo ao campus de Guarulhos.
Em mensagem enviada à comunidade da EFLCH o diretor da escola, professor Marcos Cezar de Freitas, disse que houve na semana passada uma primeira conversa com representantes do Ministério da Educação sobre a demanda dos estudantes.
Em relação à compra de um prédio para a universidade, em ofício, a reitoria informou à universidade que o imóvel será avaliado pela Caixa Econômica Federal e que, havendo acordo sobre o valor apresentado, a negociação será feita entre a Unifesp e o proprietário. “Caso o proprietário não concorde com a avaliação da Caixa, o MEC providenciará a tramitação necessária para que a Presidência da República declare o imóvel de utilidade pública e, posteriormente, proceda a desapropriação.”
Em nota, a Unifesp afirmou que a universidade está empenhada em resolver a situação e responderá a carta de reivindicações dos alunos ainda esta semana. Disse que a licitação de construção do novo prédio está em vias de conclusão e que já foi alugado um terreno próximo ao campus para a instalação de uma biblioteca de apoio e melhor acomodação do setor administrativo, o que resultará no aumento de 30% da área.


fonte: Rede Brasil Atual

Greve na Unifesp para quase metade dos alunos e ganha adesão dos professores

Saiu na mídia: Estudantes permanecem em greve e se reúnem hoje com diretor acadêmico da instituição

Estudo realizado pela Unifesp em 2011 revela que mais de 60% dos alunos do campus Guarulhos não é da cidade. Conforme o relatório, obtido pelo Guarulhos HOJE, 48% dos matriculados moram na Capital, 10,73% são oriundos de cidades do Interior de São Paulo e 5,3% de outros estados da federação. Os 35,97% restantes são alunos que moram em municípios da Grande São Paulo, incluindo Guarulhos. Ou seja, o número de guarulhenses pode ser bem inferior a esse.Os dados revelados pelo estudo refletem diretamente duas reivindicações dos alunos, que estão em greve desde o último dia 22: a baixa quantidade de transporte público disponível para atender a demanda exigida pela quantidade de estudantes da universidade, e também, a ausência de moradia estudantil próximo ao campus, no Pimentas. Além de melhoria no transporte, os cerca de 3 mil alunos alegam falta de salas de aula, laboratório de informática e restaurante universitário.Nesta terça, a comissão de greve dos estudantes fará uma reunião com o diretor acadêmico do campus Guarulhos para apresentarem suas reivindicações e tentarem uma resposta efetiva da universidade sobre as melhorias exigidas. Segundo a comissão de comunicação da greve, até o momento, nenhuma resposta da Unifesp foi dada aos estudantes. Na quinta-feira, dia 12, será a vez dos professores aderirem a paralisação. Na semana passada, uma assembléia entre os docentes decidiu pela greve.A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e da Diretoria Acadêmica do Campus informou estar negociando com os governos locais a identificação de terrenos para a construção de moradias estudantis. Ainda segundo a instituição, o campus Guarulhos paga mensalmente 600 auxílios permanência para sua população estudantil que é de 2900 alunos e disponibiliza cinco ônibus gratuitos, que partem ida e volta da estação Itaquera do metrô, até o Campus. Um novo ônibus, cedido pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis entrará em circulação em alguns dias.

Perfil dos alunos da Unifesp Guarulhos

  • 48% moram na Capital;
  • 35,97% moram em municípios da Grande São Paulo (incluindo Guarulhos);
  • 10,73% moram no Interior;
  • 5,3% vieram de outros estados da federação;
  • 65,95% vieram de escola pública;
  • 34,05% vieram de escola particular;
  • 69,47% ingressaram pelo Enem;
  • 28,71% ingressaram pelo vestibular;
  • 0,5% não têm renda;
  • 64,2% têm renda de até 5 salários mínimos;
  • 2,5 salários mínimos é a média de renda dos estudantes