Carta de repúdio dos estudantes da UNIFESP – Campus Baixada Santista

Ao planejamento sistêmico e compartilhado do futuro
Acreditamos que a universidade é um espaço de formação qualificada de profissionais críticos e ativos na sociedade, também um berço de produção de conhecimentos que estejam em diálogo com a realidade social, com os movimentos sociais e populares e em favor da implantação de políticas públicas que favoreçam a garantia dos direitos sociais e promovam transformações na sociedade. Portanto, defendemos a universidade enquanto instituição pública, gratuita, de qualidade, com inserção social e pautada pelo tripé ensino, pesquisa e extensão. Ela não é e não pode ser um negócio. Deve ser gratuita, de acesso a todos e de qualidade.
Para nós, a avaliação da universidade deve ser um processo democrático e acontecer de forma profunda e intensa. A UNIFESP nos últimos anos abriu uma grande quantidade de unidades em vários campi, envolveu-se em uma gama de políticas públicas como REUNI, PRÓ-SAUDE, PRÓ-RESIDENCIA e foi espaço de uma série de mobilizações
Esses eventos mostram que a UNIFESP é um campo de efervescência política e intelectual, completamente capaz de pensar e planejar seu futuro. Porque pensam e planejam por nós? Porque desperdiçam dinheiro publico com hotel se temos espaço dentro dos nossos campus?
A avaliação da UNIFESP não pode negligenciar as situações vivenciadas neste ultimo período e necessita definir uma concepção de universidade e educação. Que universidade e educação os que estão aqui reunidos acreditam? É preciso saber no que acreditamos para podemos definir o que buscaremos, com que ações e programas nos comprometeremos, para quais setores, departamentos e projetos serão priorizados os recursos (financeiros e humanos).
A avaliação da universidade deve ser um processo contínuo, com ampla divulgação e participação, aberto aos interessados (da comunidade acadêmica e externa) e com critérios transparentes para que possa verdadeiramente identificar os problemas, falhas e desafios desta universidade.Qualquer processo que não respeite esses pontos é superficial, enviesado e insuficiente.
Todos aqui sabemos que esse processo na UNIFESP se deu de forma acelerada, com critérios pouco transparentes e definida por um número reduzido de pessoas. Assim, repudiamos esse processo. E exigimos que se torne um debate amplo e consensual envolvendo a comunidade acadêmica e externa em algo mais amplo que envolva outros setores além desta universidade.
Subscrevem esta carta estudantes da graduação, pós-graduação e residência multiprofissional da UNIFESP – Campus Baixada Santista

 

Carta dos alunos da UNIFESP aos moradores do Bairro dos Pimentas

No último dia 22, durante aassembleia de alunos da UNIFESP foi decidida a PARALISAÇÃO DOSALUNOS para reivindicar melhores condições de moradia, transporte,infraestrutura e representatividade dentro da instituição.
A Universidade Federal do Estadode São Paulo instalou seu campus de Humanas no Bairro dos Pimentasno ano de 2007, um imóvel foi cedido pela Prefeitura de formaprovisória para ainstalação do campus com a promessa – feita pela UNIFESP – daconstrução do prédio definitivo o quanto antes.
No ano de 2012, com os cursos deFilosofia, Letras, Ciências Sociais, História, Pedagogia e Históriada Arte, com um número maior de cursos que no início do campus eaumento no número alunos a cada ano, permanecemos no prédioprovisório, com algumas medidas paliativas, como a construção deum bloco anexo e ainda assim, por conta da falta de salas para aulase outras atividades, utilizamos salas da unidade do CEU Pimentas, aolado do campus, salas que deveriam ser usadas pela comunidade doPimentas. Repudiando totalmente esta utilização indevida do CEU, osestudantes da UNIFESP exigem da instituição OFIM DAS AULAS NO CEU E ACONSTRUÇÃODE UM PRÉDIO DEFINITIVO que forneça aestrutura necessária para a formação com qualidade, oferecendobiblioteca, laboratório de informática, restaurante universitáriode qualidade, com preço acessível e aberta a população.
Na atual estrutura da UNIFESP, aPrefeitura de Guarulhos faz o pagamento dos funcionáriosresponsáveis pela limpeza, segurança e manutenção do campus e aprópria prefeitura irá alugar o imóvel para a utilização dauniversidade. Nós, alunos, reivindicamos a AUTONOMIADA UNIFESP em relação à administraçãomunicipal.
Somente no campus de Guarulhos,temos mais de 2000 alunos vindos de diversas localidades, inclusivede outros estados, em busca de um ensino público e de qualidade,parte desses alunos, optam por morar nas proximidades dauniversidade, intensificando cada dia mais o aumento no valor dosaluguéis e do custo de vida em geral. Reivindicamos da reitoria ocomprometimento em oferecer MORADIA ESTUDANTILGRATUITA.
Temos muitos alunos que moram outrabalham na cidade de São Paulo/Grande São Paulo e que utilizam aslinhas de ônibus disponíveis, sobrecarregando ainda mais um sistemaque já se apresenta precário. Os alunos da UNIFESP exigem MELHORIASNO TRANSPORTE PÚBLICO com mais opções delinhas de ônibus intermunicipais vindas do metrô Itaquera e deoutras estações, que circulem regularmente beneficiando todapopulação da região.
Apesar dasdificuldades apresentadas, os alunos e professores realizamatividades em conjunto com os moradores, como cursinho pré-vestibularpara alunos da rede pública, atividades corporais (dança, capoeira,etc.) atividades junto aos alunos do CEU e convidamos a todos osmoradores do Bairro dos Pimentas que conheçam a nossa universidade eapoiem a luta dos estudantes da UNIFESP, pois queremos que ocorrammelhorias dentro da universidade mas o conhecimento tem que serconstruído fora dos muros.
AUNIFESP É DOS PIMENTAS! Visite, frequente, conheça!

Carta dos Docentes de Ciências Sociais

Caros alunos,

Ouvimos com atenção a carta lida por vocês em nossa reuniãodepartamental ordinária. Afirmamos que estamos envolvidos, assimcomo vocês, na construção do bom diálogo para que juntosconsigamos encontrar soluções para os problemas de infraestruturaque nos assolam a todos.

Atendendo à solicitação de vocês para uma manifestação docolegiado sobre a crise em que nos encontramos, deliberamos nareferida reunião que:

1) Apoiamos a greve dos estudantes da EFLCH em sua luta pelascondições adequadas para o desenvolvimento de nossas atividadesacadêmicas;

2) Em decorrência desse apoio, decidimos suspender o controle depresença e as avaliações já agendadas e não aplicaremosquaisquer outras medidas punitivas aos alunos que aderiram aomovimento grevista;

3) Estamos engajados, como docentes do campus, na mobilização paraelaboração de uma pauta de reivindicações e ações comunsvisando ao encaminhamento de soluções às questõesinfraestruturais da nossa Escola.

Atenciosamente,

Departamento de Ciências Sociais
Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – EFLCH
Universidade Federal de São Paulo – Unifesp
Campus Guarulhos

Carta de um morador à UNIFESP

Guarulhos,Março/2012
Antes de tudo, se faz necessária uma breve, mas importantíssima colocação, essa mensagem em forma de uma carta não tem por intenção tratar “A UNIFESP GUARULHOS” como uma totalidade, um todo homogêneo, essas palavras são direcionadas a manifestações vindas de alguns estudantes e parte do Corpo Docente, mas opto por enviá-la a todos sem distinções, pois, todas as manifestações que influenciaram para que essas palavras sejam escritas vieram por partes de participantes e organizações da instituição que levam o nome Unifesp Guarulhos.
Não represento o bairro dos Pimentas, acredito que a melhor pessoa no mundo pra falar por você é justamente você, sem representações, pensando assim falo única e exclusivamente por mim!
Participei e participo, desde o ano de 2007, como estudante ouvinte de diversas atividades realizadas pela Unifesp Guarulhos (aulas, palestras, grupo de estudos, colóquios, simpósios, feiras de livros, mini-cursos entre outras) que me auxiliaram de uma forma muito positiva, sempre fui bem recebido pelos professores que participei das aulas, e fico imensamente agradecido.
Durante esses cinco anos e alguns meses de estadia da universidade em Guarulhos, pude presenciar muitas manifestações devido às muitas insatisfações por parte de estudantes, funcionários e alguns professores; partilho de alguns posicionamentos e de outros não, mas independentemente das divergências o RESPEITO prevalece. Acredito na força do diálogo, nas múltiplas formas de se estabelecer relações, sendo assim, convido você a participar dessa modesta, mas espero que concreta conversação sobre algumas manifestações vindas de participantes da Unifesp que não tem sido muito respeitosa com a região dos Pimentas ao meu ver, e de uma boa parte dos moradores da região que vem comentando constantemente de dois anos pra cá. Tendo participado de um recente debate sobre a atual greve da universidade, numa ação de microfone aberto, devido ao que ouvi de alguns estudantes se manifestando considero necessário que essas palavras, essa carta, possam chegar a quem quer que se sinta vinculado de alguma forma com a instituição Unifesp.
De certo tempo pra cá, todo começo de ano algumas organizações estudantis tem realizado “manuais de sobrevivência” (é assim que foram batizados alguns materiais que foram distribuídos para estudantes recém chegados, calouros) como uma tentativa de auxiliar ao novo Turista (termo que alguns moradores da região utilizam para saber quem é da Unifesp) a se localizar, saber onde ficam mercados, pontos de ônibus, repúblicas e tudo o que um “Unifespano” precisa saber. A meu ver não haveria problema algum se não fossem as maneiras pejorativas que alguns MICROS ESPECIALISTAS EM IGNORÂNCIAS MÁXIMAS se referem à região.
Colocações do tipo “PIMENTAS NOS OLHOS DOS OUTROS NÃO É REFRESCO” ou “GUIA DE SOBREVIVÊNCIA DO HISTORIADOR DOS PIMENTAS” tem refletido de uma forma muito desagradável na região, espero e acredito que os criadores e propagadores dessas infelizes colocações ao meu ver não tenha tido a intenção de ofender ninguém, mas que tomem muito cuidado, pois as palavras falam o que vocês não dizem, sejam mais claros e menos inocentes , e quando digo região não me refiro só aos arredores da universidade, mas sim a maior parte do Pimentas que permanece afastada e distante tanto geograficamente quanto simbolicamente da Unifesp.
Presenciei inúmeras vezes estudantes e professores dizendo colocações do tipo “As CONDIÇÕES que a universidade se encontra aqui”, “A TOTAL falta de estrutura”,“desse jeito não tem como continuar a estudar e trabalhar aqui”, a chegar um determinado ponto onde pessoas passem a acreditar que a NOSSA REGIÃO não mereça essa Instituição Escolar, como se não fossemos dignos, capazes ou a “altura” dessa instituição, como se estivessem nos fazendo um favor com a Unifesp aqui, uma prática assistencialista da política do Adote um pobre que você fica rico; acredito também que essa não seja a intenção, mas muitas falas vindas da universidade tem caminhado pra esse sentido, tanto ao ponto de um dos patéticos, medíocres e desrespeitosos “Guia de Sobrevivência dos Pimentas” vir a convidar os Calouros a entrarem na “Estranha Galáxia em que fica o bairro dos pimentas…”,pois, “os seres” de periferia não são “tão perigosos, basta trancar bem a porta e não andar sozinho de noite” onde “moradores do pimentas querem e precisam de cultura” e “Semáforo vermelho nem sempre significa pare para os motoristas GUARULHENSES” . Além de Morarmos numa ESTRANHA GALAXIA, somos INCULTOS (lhes indicaria repensar o conceito de “Cultura”), e não oferecemos tanto perigo assim, basta TRANCAR BEM a porta e NÃO ANDAR SOZINHO(A) DE NOITE que estarão mais seguros e assim o refresco virá, pois a pimenta não arderá mais nos seus olhos, você sobreviverá na região, fará tudo o que sua grade curricular exigir, quando for conveniente entrará em contato com os arredores e escolas públicas da região pra vomitar teorias transformando o Pimentas num laboratório de experiências que podem ser bem sucedidas ou não , mas tanto faz, pois para uma parte o Pimentas tem se tornado uma “Las Vegas”, fazem o que querem e depois retornam para o conforto do “Lar”, e parabéns agora você tem um diploma, acaba de se tornar num ZUMBI LETRADO!
Acredito serialmente que a aproximação entre universidade e região é e será de extrema importância, para que possa acontecer uma transformação no Pimentas tanto quanto na universidade, mas enquanto existirem colocações do tipo “ELES, OS OUTROS, A COMUNIDADE”, haverá distâncias e diversas formas de violências na criação e reprodução constante de estereótipos e estigmas. A Universidade não veio pra cá do nada, foi um merecimento conquistado por muitos que trabalharam por isso, alguns podem não partilhar com “O LOCAL DA UNIFESP”, mas não tem nenhum direito de desrespeitar nossa conquista, afinal o Pimentas não está tão distante de onde vocês vieram, “comemoramos” os mesmos 500 anos de Brasil com 400 de escravidão!
OBS: Maiores esclarecimentos e informações email para: contato@ohuaz.com.br

Minhas Considerações.
(Léo OHUAZ)

Carta do Diretor do Campus Unifesp Guarulhos

Guarulhos, 26 de março de 2012
Caríssimos membros da comunidade EFLCH,

… “Felizmente, nossa Instituição está prestes a receber a autorização para ocupar o imóvel locado que fica quase em frente ao Campus.
Com esse imóvel, que tem 20 mil metros quadrados, poderemos descongestionar nossos espaços internos e reorganizar nossos serviços de modo a melhor atender nossos alunos e também nossos docentes e técnicos administrativos.
… Com esse novo espaço conseguiremos solucionar algumas pendências relacionadas à biblioteca da EFLCH e vários outros problemas que têm se acumulado.
Assim, quando iniciar a construção do novo prédio, cujo processo jurídico está na fase final, estaremos em situação mais adequada para nossa vida acadêmica.
Nossa Universidade está se adiantando e tomando medidas para que o espaço locado seja preparado e adaptado para nos receber. Todas as medidas relacionadas à limpeza do local serão agilizadas de modo a evitar quaisquer desconfortos à comunidade acadêmica.
As medidas administrativas possíveis, relacionadas a adiantar procedimentos visando dispor de materiais para preparar e adaptar a estrutura do local, já estão sendo tomadas. Refiro-me a obtenção de registros de preço para divisórias e suportes operacionais em geral.
O local, devidamente higienizado, preparado e adaptado oferecerá condições efetivas para os trabalhos da EFLCH simultaneamente à construção do novo prédio.
Fraternalmente,


Prof. Dr. Marcos Cezar de Freitas
Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – UNIFESP
Diretor
Estrada Caminho Velho 333, Pimentas, Guarulhos, SP
CEP 07252-312
http://humanas.unifesp.br/