Estudantes protestam na USP contra processos administrativos

Nesta quarta (16), estudantes protestam na USP (Universidade de São Paulo) contra processos administrativos abertos; estudantes que participaram da invasão da reitoria em novembro do ano passado podem até ser expulsos.

fonte: http://educacao.uol.com.br/album/2012/05/16/estudantes-protestam-na-usp-contra-processos-administrativos.htm

CAMPUS SITIADO

Por volta das 19h da terça-feira (08/05/2012), os portões de entrada da UNIFESP – Campus Guarulhos foram fechados por ordem do diretor acadêmico (Marcos Cezar) com o intuito de impedir a entrada de estudantes nas dependências do campus.

O motivo divulgado pelo vice-diretor (Gladysson), é que tal ordem foi para garantir que nao houvesse uma ocupação da diretoria acadêmica. O diretor Marcos Cezar estava no prédio da reitoria enquanto ordenava que alem dos portões trancados, que impedia a entrada do fretado Itaquera-Pimentas, também fossem fechados a biblioteca, a diretoria acadêmica, o laboratório de informática e a secretaria acadêmica.

Devido aos fatos, os estudantes viram a necessidade de forçar as fechaduras dos portões para que fossem abertos viabilizando assim a entrada novamente dos estudantes.

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Sabemos que vários estudantes precisam utilizar destes espaços, mais do que isso, consta que tais espaços como laboratório e biblioteca deveria servir à comunidade externa. Dessa forma, é nítida a ação autoritária na qual o diretor quer barrar qualquer tipo de encontro para que os estudantes possam se organizar, como também que pessoas do bairro possam utilizar o espaço público da Universidade.

Essa atitude truculenta demonstra as arbitrariedades e medidas desesperadas para sufocar o processo politico de negociação da pauta de reinvidicação estudantil com respostas pautadas na repressão. A UNIFESP Campus Guarulhos encontra-se sitiada e a mercê dos mandos do diretor Marcos Cezar, capacho da reitoria.

Nota Oficial sobre a Ocupação da Diretoria Acadêmica

É de conhecimento de todos que os estudantes da Universidade Federal de São Paulo-Campus Guarulhos estão em greve há 42 dias. Também é conhecimento de todos os motivos que movem a nossa mobilização, que partem tanto dos problemas infraestruturais decorrentes de uma expansão sem qualidade, quanto da crise institucional e política que o Campus da Unifesp Guarulhos enfrenta hoje.

Estamos paralisados com o intuito de alcançar uma negociação efetiva no que tange as nossas pautas mínimas, estas que giram em torno de condições básicas de funcionamento de um ambiente universitário, como salas de aula suficientes, ampliação do espaço da biblioteca, laboratórios de pesquisa e informática, moradia estudantil, creche para estudantes e funcionários, etc., muitas dessas questões que poderiam ser sanadas com a construção do nosso prédio central. Entendemos, ainda, que essas condições refletem uma expansão universitária sem planejamento, em que espaços inicialmente provisórios se tornam permanentes, assim como a má gestão e falta de transparência dos responsáveis.

Além disso, nos mobilizamos contra a criminalização do movimento estudantil, que inicialmente se baseava nos processos enfrentados por 48 estudantes, mas que nesse momento tem ganhado maior expressão tendo em vista os últimos acontecimentos ocorridos. No Ato Unificado do dia 22 de abril em frente à Reitoria da Unifesp, fomos recebidos pela Tropa de Choque e aguardamos por quatro horas para conseguir entregar a nossa pauta de reivindicações ao reitor. Aqui no campus, cotidianamente, temos percebido ações frequentes por parte da Diretoria Acadêmica que caminham no mesmo sentido, como o fechamento de espaços da universidade antes do horário previsto, a utilização de e-mail institucional para campanha contra a greve, a vigilância da mobilização estudantil  e o encaminhamento de boletins de ocorrência contra o mesmo.

Hoje, ainda, pudemos acompanhar na reunião da Congregação o encaminhamento de uma Comissão de Sindicância para avaliar a mobilização dos estudantes com um possível processo punitivo contra os alunos, o que consideramos uma incoerência diante da formação de uma Comissão de Intermediação com os estudantes em greve para a mediação dos atuais conflitos. No entanto, permanecemos abertos e dispostos a manter a reunião de amanhã prevista com a referente Comissão para melhor esclarecermos nosso posicionamento e intenções.

Isso pode ser verificado na prática quando nos mostramos dispostos a dialogar com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) hoje, em reunião solicitada pelos estudantes no campus. Consideramos um avanço a abertura com tal instância, mas após a solicitação de uma reunião de negociação com o Reitor para a próxima semana, fomos informados que o mesmo está disposto a se reunir com a Comissão de Negociação em São Paulo somente após o término da greve. No entanto, entendemos que a greve estudantil é um instrumento legítimo de reivindicação, e a saída da mesma anteriormente a qualquer negociação é não ter garantia que nossas reivindicações sejam atendidas, e tal ação é uma clara medida para desmobilizar o movimento dos estudantes.

Tendo em vista a atual conjuntura, avaliamos em Plenária do Comando de greve, instância legítima deliberada em Assembleia Geral dos estudantes, a necessidade de uma radicalização do movimento estudantil que pudesse responder aos recentes ataques e pressionar uma negociação urgente com a Reitoria. A alternativa proposta e deliberada foi a atual Ocupação da Diretoria Acadêmica, como forma de evidenciar o engessamento das estruturas de poder da Unifesp e paralisar as atividades do Campus Guarulhos no sentido de inverter a correlação de forças a nosso favor.

Por fim, reiteramos que constituímos aqui um movimento pacífico , mas que vê a Ocupação como instrumento político necessário para o encaminhamento de nossas conquistas visto a intransigência da Reitoria e Diretoria Acadêmica.

Comando de Greve dos Estudantes

Campus Guarulhos/Unifesp

Carta sobre os processos de sindicância contra os estudantes!

Defender o direito de manifestação política!

Nenhuma sindicância contra os estudantes!

Que a reitoria atenda as reivindicações!

A Diretoria Acadêmica; membros da Congregação do Campus Guarulhos e docentes
que sentiram “violentados” devido aos piquetes da greve colocaram publicamente a
intenção e pedidos de abertura de processos internos (sindicâncias) contra os estudantes
que participaram das ações coletivas, discutidas e deliberadas em Assembleia Geral dos
Estudantes da EFLCH.

Em uma universidade em que é recorrente o discurso de formação crítica, a liberdade
de pensamento, crítica e manifestação política deveriam ser respeitados. No entanto, a
repressão ao movimento estudantil por meio de processos contra as lideranças trata-se de
uma questão essencialmente política, e não acadêmica.

Se comparada toda a infraestrutura dos campi da UNIFESP, notaremos muitas
desigualdades. Em Guarulhos sequer temos um prédio definitivo para abrigar as atividades
da universidade. A burocracia universitária administra em favor de uma minoria contra os
interesses da maioria, por isso ela se impõe de forma autoritária mantendo a estrutura de
poder antidemocrática.

Neste sentido, o direito de manifestação política é fundamental contra os ataques ao
movimento estudantil. A manutenção da greve pelo atendimento das reivindicações e fim
dos processos é a forma que temos para dizer não ao autoritarismo dentro da universidade
e lutar por melhores condições de ensino. O movimento estudantil para avançar necessita
inviabilizar todas as atividades do Campus exigindo que a Reitoria abra negociação
imediatamente. Devemos dizer: Reitoria, construa o prédio! Reitoria, retire os processos!
Diretoria, nenhuma sindicância contra os estudantes!

Moção de repúdio à circulação da PM no Campus!

Nós, Movimento Estudantil da EFLCH-Unifesp, repudiamos a circulação da Polícia Militar no campus.

No dia 28 de março de 2012, por volta das 16h a PM estacionou uma viatura dentro do campus, próximo ao portão. Lembrando que a greve estudantil foi decretada em 22 de março desse ano. Assim, logo na semana seguinte a polícia já estava presente na EFLCH. Além desses dados, outro fator que deve ser levado em consideração é que o horário citado era o previsto para realização de ato no Terminal Pimentas, anunciado em jornal de Guarulhos, Folha Metropolitana. Dessa forma, a PM claramente apareceu para pressionar o Movimento Estudantil. Confirmando a tentativa de impedir o ato, a Força Tática esperou os manifestantes com várias viaturas no posto de gasolina ao final da rua da universidade.

A segunda vez que a PM esteve na universidade esse ano foi em 13 de abril. Importante também colocar que a polícia em ambas as vezes entrou na sala da Diretoria Acadêmica.

A repressão policial está mais do que anunciada: no dia anterior à segunda entrada da PM esse ano, 12 de abril, na Congregação, um grupo de professores disse que após o fim da paralisação docente, essa categoria chamará a PM caso os estudantes tentem impedir o furo à greve estudantil.

Nenhum movimento social deve ceder o espaço da luta à repressão. Desse modo, faz-se necessário o estado de alerta constante a qualquer tipo de repressão ao nosso Movimento Estudantil.

FORA PM DAS UNIVERSIDADES! FORA À REPRESSÃO AOS MOVIMENTOS SOCIAS QUE LUTAM! FORA PM DO MUNDO!

Movimento Estudantil da Unifesp Guarulhos,

17 de abril de 2012.