Quem são os defensores da democracia na Unifesp?

Em nome da luta contra um suposto “autoritarismo” do movimento estudantil, a reitoria ameaça colocar a universidade sob intervenção policial. Uma ação tipicamente ditatorial 
27 de abril de 2012

Depois de pouco mais de um mês de greve na Unifesp, a reitoria começou a atacar de forma mais decidida os estudantes que estão lutando pelos seus direitos. A principal arma da burocracia universitária é a repressão como pode ser visto nos casos em que a Tropa de Choque foi enviada para conter um ato realizado no último dia 20 de abril, na ameaça de novos processos contra os estudantes que participam da greve e no ataque aos piquetes e barricadas montadas desde o primeiro dia de paralisação das aulas.

Em nome da luta contra uma suposta “violência” e, de forma ainda mais hipócrita, em “defesa” do direito de ir e vir, a Diretoria Acadêmica de Guarulhos ordenou que os funcionários desfizessem as barricadas e colocou ocampus e a comunidade acadêmica sob ameaça de intervenção policial caso esta resolução fosse descumprida. Esta questão tem grande relevância para todos os membros da Escola de Filosofia e Ciências Humanas (ELFCH), principalmente para os estudantes que estão participando da greve. É preciso desfazer as confusões geradas pela reitoria e diretoria acadêmica de que estão agindo em nome da “democracia” contra os grevistas que, por sua vez, seriam autoritários em seus atos.

Em primeiro lugar, a única ditadura e autoritarismo que existe na Unifesp parte da burocracia universitária. Foi na época da ditadura militar e agora, com governos que preservam praticamente a mesma estrutura daquele regime, que as universidades estão sendo colocadas sob intervenção policial. Exemplo disto é a USP, onde o governo do PSDB colocou a PM para conter o movimento estudantil e privatizar a universidade, eliminando a resistência contra este projeto. Colocar a universidade sob ameaça de intervenção policial é o oposto de defender a democracia. Pelo contrário, a utilização do aparelho repressivo do Estado para a resolução de conflitos dentro da universidade é uma ditadura e fere, entre outras coisas, a autonomia universitária, ou seja, o direito de professores, estudantes e funcionários gerirem a instituição sem a interferência governamental.

O “curioso” é que a maioria dos professores que protestaram contra o “autoritarismo” do movimento estudantil simplesmente se calou diante destes diversos ataques. É sempre bom lembrar que os partidários do golpe de 1964 também afirmavam agir em nome da “democracia”. A políticas deles, no entanto, levou o País a um dos períodos de maior perseguição aos cidadãos durante a história nacional. Por isso, defender a democracia na Unifesp, de forma verdadeira e não em palavras, é, sobretudo, defender neste momento o direito dos estudantes agirem politicamente. Neste caso, defender o direito deles paralisarem as aulas e entrarem em greve.    

Direito individual vs direito coletivo 

Quando se trata de democracia a questão central para uma população é sua capacidade de interferir nas decisões governamentais, ou seja, de controlar as instituições públicas. Na universidade, no entanto, a comunidade universitária está completamente desprovida de controle sobre os órgãos que tomam decisões que afetam diretamente a vida de todos. A reitoria, por exemplo, é um órgão burocrático completamente divorciado das pessoas que fazem parte da Unifesp. Da escolha do reitor à votação do orçamento, estudantes professores e funcionários têm participação meramente figurativa. As decisões são tomadas de forma unipessoal pelo reitor (indicado pelo presidente) e pelos diretores acadêmicos indicados por ele.

Por isso, o setor mais excluído das decisões políticas, os estudantes, tem na sua ação política a principal arma para interferir nas decisões e fazer com que suas reivindicações sejam atendidas. A greve, por exemplo, é a ação daqueles que, privados de decidir sobre os seus interesses a partir de um debate livre, precisam recorrer a estes meios para serem ouvidos.

A reitoria e alguns professores, no entanto, estão opondo a greve, ou seja, uma ação coletiva em defesa do direito de todos, a um suposto “direito individual de ir e vir”. Eles opõem, desta maneira, a greve ao “direito” que cada um teria de furar a greve.

O argumento é falso porque ao furar a greve, as pessoas que realizam este ato estão atacando o direito dos estudantes de agirem de forma coletiva e política por seus direitos. Não estão defendendo nenhum direito democrático. Estão, na verdade, impedindo e colaborando para que a reitoria impeça manifestações contrárias a ela.

Os direitos coletivos devem se sobrepor aos direitos individuais para garantir a liberdade de expressão e manifestação. Por isso, furar a greve não é um direito democrático. É justamente o oposto disto, pois contribui para que a Unifesp seja colocada em um verdadeiro Estado de sítio e que uma minoria governe a universidade em defesa de seus interesses particulares, contra a vontade e as necessidades da maioria.

A luta democrática do movimento estudantil

Os principais defensores da democracia na Unifesp agora são aqueles que estão, através da greve, se opondo ao atual regime de poder. A greve de Guarulhos, por exemplo, se levantou contra os processos contra os 48 estudantes que ocuparam a reitoria em 2008 contra a corrupção e em defesa de melhores condições de ensino. Além disso, ao defenderem reivindicações para melhorar a universidade em benefício de todos os estudantes estão, entre outras coisas, atuando em defesa da vontade da maioria e lutando para que a soberania da comunidade universitária prevaleça. E, sem soberania da maioria da comunidade unifespiana, não pode haver democracia.

Outro fato é que muitas pessoas já assinalaram que as universidades têm um regime de poder anacrônico, conservando características medievais por se basear em uma falsa “meritocracia” e em um poder “divino” dos professores mais graduados. Nas universidades não há sequer eleição direta para reitor, com todos os cidadãos tendo direito igual na hora da escolha. A luta dos estudantes, neste sentido, também é democrática na medida em que expressa o povo (comunidade universitária) em oposição à aristocracia (reitoria).

Neste sentido, chamamos todos os estudantes, funcionários e os professores que não estão comprometidos com a burocracia universitária a rejeitar a ditadura que a reitoria está tentando impor contra os grevistas.

 

Fonte: http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=36064

Saiu na mídia – Folha.com

Greve dos alunos Unifesp completa um mês e está longe de acordo

Há pouco mais de um mês em greve, os alunos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em Guarulhos (Grande São Paulo) parecem longe de um acordo com a reitoria da instituição.

Estudantes da Unifesp de Guarulhos entram em greve

No último dia 18, parte dos alunos queimou e destruiu centenas de tapumes usados para cercar uma construção, segundo a reitoria. Um prejuízo calculado em R$ 8.000 pela direção da universidade.

Os alunos, por outro lado, dizem que apenas foram retirados os tapumes que já tinham caído após chuvas na região da universidade. Uma pequena cobertura teria sido construída com os materiais recolhidos, uma forma de protesto contra a inércia da reitoria, dizem os alunos.

A direção da Unifesp afirma que registrou um boletim de ocorrência, já que também teriam sido destruídos caibros de contenção e a parede externa do teatro do campus teria sido pichada.

Na última sexta (20), o grupo faz uma manifestação em frente à reitoria. Eles dizem que foram recebidos pela Tropa de Choque da Polícia Militar, que já tinha a garantia de reintegração de posse, caso o prédio fosse invadido.

A greve começou no dia 23 de março e, entre as exigências, os alunos pedem mais ônibus que dão acesso à universidade, mais salas de aula e o arquivamento do processo contra alunos que invadiram a reitoria da Unifesp em 2008.

Eles ainda dizem que a página do movimento no Facebook e um blog alimentado pelos manifestantes foram retirados do ar.

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Nota da comissão de comunicação do comando de greve:

Gostaríamos de esclarecer que o blog não foi tirado do ar, apenas a página do facebook por motivos que desconhecemos.

Saiu na Mídia: Rede Brasil Atual

 

Estudantes da Unifesp, em greve há 33 dias, cobram audiência com a Reitoria

Administração da Universidade Federal de São Paulo ainda não estabeleceu data para audiência com estudantes

Por: Vanessa Ramos, da Rede Brasil Atual

São Paulo – Com 33 dias de greve, os estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) no campus de Guarulhos pressionam o reitor Walter Manna Albertoni para uma audiência com os alunos a fim de solucionar os problemas apresentados pelo movimento estudantil desde 22 de março, quando teve início o movimento. Na última sexta-feira (20), mais de 300 alunos fizeram marcha até a reitoria e, durante cinco horas de protesto, entregaram carta ao reitor com as pautas de reivindicação e pedido de audiência. Sobre a solicitação, a reitoria informou, na manhã de hoje (23), que ainda não estabeleceu as datas para a audiência com os estudantes, conforme solicitado no documento.

As principais cobranças do movimento são pela construção de um prédio definitivo do campus que abriga a Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH), a transparência nos processos burocráticos da universidade, melhorias no transporte e na moradia estudantil no entorno.

Sobre as reinvindicações, no último dia 10 foi entregue uma resposta aos estudantes por meio de carta assinada pelo diretor acadêmico, Marcos Cezar de Freitas. O estudante Jonatas Santiago, representante do movimento estudantil da Unifesp, afirma que não se considera válida a resposta dada Unifesp. “Ela é uma repetição da resposta de 2010. E desde então pouco ou nada foi feito com relação às reivindicações”, diz. 

Entre as cobranças, a construção de um novo prédio é a principal pauta do movimento. Além da reivindicação pelo início das obras, os estudantes criticam que, no final do ano passado, o terreno onde deveria ter sido construído o prédio foi cercado por tapumes da construção civil, de forma que os novos alunos pensassem que a construção estava em andamento, o que, segundo eles, não estava ocorrendo.

Por causa das chuvas constantes, os tapumes caíram. Na última quarta-feira (18), os estudantes, em ato, construíram um prédio de madeira para simbolizar o edifício não construído. Por causa desse ato, a diretoria acadêmica considerou a retirada dos tapumes como depredação do patrimônio público e pretende processar os alunos envolvidos.

Em nota, o reitor Walter Manna Albertoni afirma que “a reitoria apoia e se solidariza com a diretoria do campus e apela aos alunos que as manifestações do movimento estudantil não se transformem em atos de vandalismo ou de danos ao patrimônio público”. Diz, também, que a atual gestão “sempre esteve aberta às negociações, de forma democrática, para atender às justas reivindicações”.

Hoje pela manhã, funcionários que não quiseram se identificar afirmaram que o diretor acadêmico, Marcos Cezar de Freitas, deu ordem aos funcionários acompanhados pela equipe de segurança para que retirem os piquetes dos alunos formados por cadeiras e tranquem as salas de aulas.

Para Santiago, “isso é uma estratégia para provocar o movimento estudantil e futuramente criminalizá-lo. Parece que a intenção deles é fazer com que nós forcemos a abertura das salas e, então, eles possam abrir processo contra o movimento”. O movimento reitera a necessidade do agendamento imediato de audiência pública com reitor.

(http://www.redebrasilatual.com.br/temas/educacao/2012/04/estudantes-da-unifesp-em-greve-por-33-dias-cobram-audiencia-com-a-reitoria/?searchterm=unifesp)

 

G1- Estudantes fazem protesto em frente a reitoria de universidade em SP

Alunos reivindicavam melhores condições nas instalações da Unifesp. Cerca de 200 alunos estavam reunidos na Avenida Sena Madureira.

Alunos da Unifesp durante protesto na Zona Sul de SP (Foto: Rafael Sampaio/G1)Alunos da Unifesp durante protesto na Zona Sul de SP (Foto: Rafael Sampaio/G1)

Cerca de 200 estudantes protestavam na Avenida Sena Madureira, na Vila Mariana, bairro da Zona Sul de São Paulo, às 17h30 desta sexta-feira (20). Segundo a Polícia Militar, a manifestação era pacífica.

O grupo, formado por alunos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), reclama da infraestrutura da instituição e cobra melhores condições de estudo. Alunos do campus da capital paulista, por exemplo, onde funcionam principalmente cursos da área da saúde, afirmam que algumas aulas são dadas de forma precária em residências. “As salas são separadas por divisórias. Quando chove, enche de água porque tem infiltração no teto”, reclama Gisele Vieira, aluna de medicina e diretora do centro acadêmico do curso.

Universitários afirmaram ao G1 que os cursos do campus de Guarulhos entraram em greve há 29 dias, também devido a problemas de estrutura. A assessoria da Unifesp disse que as reivindicações dos alunos foram respondidas e que um “comando de greve se recusou a negociação, paralisando parcialmente as atividades do campus [Guarulhos] antes de qualquer diálogo”.

Albanett Barreto, também aluna do curso de medicina e diretora do centro acadêmico, afirmou que o protesto era unificado entre os seis campi da Uniesp. O ato começou às 13h, de acordo com os alunos, e teve concentração na Rua Pedro de Toledo por volta das 15h30. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), às 16h20 eles chegaram à Avenida Sena Madureira, onde fica a reitoria da universidade.

A proposta dos alunos é entregar um manifesto com as reivindicações para o reitor, Walter Manna Albertoni. “O reitor não quer sair do prédio para vir falar conosco. Ele propôs que subisse um representante de cada campus, mas já fizemos isso antes e não deu em nada”, reclamou Albanett.

Outras críticas dos estudantes são com relação à biblioteca e o bandejão da Unifesp. No campus de São Paulo, segundo os alunos de medicina, o horário de funcionamento da biblioteca foi reduzido -ela não abre mais aos fins de semana e fecha às 19h, uma hora depois do fim das aulas, o que inviabiliza a retirada de livros.

Aluno do curso de relações internacionais do campus de Osasco, na Grande São Paulo, João Victor Cardoso diz que a expansão da universidade tem sido feita sem planejamento. “Eles [a reitoria] pegam um prédio da prefeitura, pintam e entregam. Não tem biblioteca, não tem computador, e depois aparecem os problemas como rachaduras.”

 

Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/04/estudantes-fazem-protesto-em-frente-reitoria-de-universidade-em-sp.html

Saiu na imprensa – Rede Brasil Atual

Greve na Unifesp para quase metade dos alunos e ganha adesão dos professores

Construção de um novo prédio definitivo para o campus é uma das principais reivindicações; paralisação dos alunos começou há 20 dias e docentes vão cruzar os braços nesta quinta

Por: Vanessa Ramos

Publicado em 10/04/2012, 14:55

Última atualização às 19:40

São Paulo – Estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no bairro dos Pimentas, em Guarulhos, na Grande São Paulo, estão em greve há 20 dias, por tempo indeterminado, pela construção de um prédio definitivo do campus que abriga a Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH), melhorias no transporte, moradia estudantil no entorno e transparência nos processos burocrático da universidade.
Dos 3 mil alunos, aproximadamente 1,3 mil estão parados desde 22 de março, e dos 200 professores, 130 decidiram aderir à paralisação entre quinta-feira (12) e o próximo dia 19, quando pretendem apresentar à comunidade um documentário com denúncias dos estudantes relativas à universidade.
A mobilização dos estudantes ganhou corpo a partir de 2010, quando o movimento estudantil reivindicava um novo prédio para a universidade e a implementação de uma linha de ônibus partindo do metrô Itaquera, na zona leste da capital, para o bairro dos Pimentas.
Segundo o estudante Jonatas Santiago, representante do movimento estudantil da Unifesp, a construção de um prédio próprio já havia sido anunciada pela universidade em 2007. Para ele, a estrutura atual não tem capacidade para acomodar os estudantes e também não recebe a manutenção adequada. “Na intenção de ampliar o espaço, a universidade fez divisórias para acomodar a sala dos professores. São soluções paliativas que não resolvem o problema”, disse.
Santiago afirmou que a universidade recebe recursos da União para serem aplicados às necessidades emergenciais. Atualmente, por falta de espaço, os estudantes assistem às aulas à tarde e à noite, no Centro Educacional Unificado (CEU) Pimentas.
Esse fato é confirmado por funcionários concursados que não quiseram se identificar. Eles afirmaram que atualmente há cerca de 30 salas de aulas, mas a demanda é de 50, no mínimo. Também informaram que existem 55 funcionários e 80 terceirizados, quando seria necessário o dobro para atender à demanda, crescente nos últimos anos. Os trabalhadores afirmam ainda que o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da universidade não é posto em prática.
Santiago disse ainda que o número de funcionários para atender à comunidade acadêmica é reduzido e que a biblioteca não possui espaço suficiente para o acervo de livros. “Temos 16 mil livros estocados em caixas.”
Na “Carta de Reivindicações”, os estudantes exigem a conclusão do processo de licitação da obra de construção do prédio central, com acompanhamento de uma comissão paritária envolvendo professores, alunos e técnicos administrativos. Também cobram a compra de um terreno onde existe um galpão já alugado pela Unifesp, localizado próximo ao campus de Guarulhos.
Em mensagem enviada à comunidade da EFLCH o diretor da escola, professor Marcos Cezar de Freitas, disse que houve na semana passada uma primeira conversa com representantes do Ministério da Educação sobre a demanda dos estudantes.
Em relação à compra de um prédio para a universidade, em ofício, a reitoria informou à universidade que o imóvel será avaliado pela Caixa Econômica Federal e que, havendo acordo sobre o valor apresentado, a negociação será feita entre a Unifesp e o proprietário. “Caso o proprietário não concorde com a avaliação da Caixa, o MEC providenciará a tramitação necessária para que a Presidência da República declare o imóvel de utilidade pública e, posteriormente, proceda a desapropriação.”
Em nota, a Unifesp afirmou que a universidade está empenhada em resolver a situação e responderá a carta de reivindicações dos alunos ainda esta semana. Disse que a licitação de construção do novo prédio está em vias de conclusão e que já foi alugado um terreno próximo ao campus para a instalação de uma biblioteca de apoio e melhor acomodação do setor administrativo, o que resultará no aumento de 30% da área.


fonte: Rede Brasil Atual

http://www.redebrasilatual.com.br/temas/educacao/2012/04/greve-dos-estudantes-da-unifesp-completa-20-dias-e-professores-decidem-pela-paralisacao

Saiu na mídia: Estudantes permanecem em greve e se reúnem hoje com diretor acadêmico da instituição

Estudo realizado pela Unifesp em 2011 revela que mais de 60% dos alunos do campus Guarulhos não é da cidade. Conforme o relatório, obtido pelo Guarulhos HOJE, 48% dos matriculados moram na Capital, 10,73% são oriundos de cidades do Interior de São Paulo e 5,3% de outros estados da federação. Os 35,97% restantes são alunos que moram em municípios da Grande São Paulo, incluindo Guarulhos. Ou seja, o número de guarulhenses pode ser bem inferior a esse.Os dados revelados pelo estudo refletem diretamente duas reivindicações dos alunos, que estão em greve desde o último dia 22: a baixa quantidade de transporte público disponível para atender a demanda exigida pela quantidade de estudantes da universidade, e também, a ausência de moradia estudantil próximo ao campus, no Pimentas. Além de melhoria no transporte, os cerca de 3 mil alunos alegam falta de salas de aula, laboratório de informática e restaurante universitário.Nesta terça, a comissão de greve dos estudantes fará uma reunião com o diretor acadêmico do campus Guarulhos para apresentarem suas reivindicações e tentarem uma resposta efetiva da universidade sobre as melhorias exigidas. Segundo a comissão de comunicação da greve, até o momento, nenhuma resposta da Unifesp foi dada aos estudantes. Na quinta-feira, dia 12, será a vez dos professores aderirem a paralisação. Na semana passada, uma assembléia entre os docentes decidiu pela greve.A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e da Diretoria Acadêmica do Campus informou estar negociando com os governos locais a identificação de terrenos para a construção de moradias estudantis. Ainda segundo a instituição, o campus Guarulhos paga mensalmente 600 auxílios permanência para sua população estudantil que é de 2900 alunos e disponibiliza cinco ônibus gratuitos, que partem ida e volta da estação Itaquera do metrô, até o Campus. Um novo ônibus, cedido pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis entrará em circulação em alguns dias.

Perfil dos alunos da Unifesp Guarulhos

  • 48% moram na Capital;
  • 35,97% moram em municípios da Grande São Paulo (incluindo Guarulhos);
  • 10,73% moram no Interior;
  • 5,3% vieram de outros estados da federação;
  • 65,95% vieram de escola pública;
  • 34,05% vieram de escola particular;
  • 69,47% ingressaram pelo Enem;
  • 28,71% ingressaram pelo vestibular;
  • 0,5% não têm renda;
  • 64,2% têm renda de até 5 salários mínimos;
  • 2,5 salários mínimos é a média de renda dos estudantes

Na mídia: Alunos da Unifesp pressionam prefeito

Estudantes gritaram palavras de ordem contra o prefeito
Por Deisy de Assis
Em greve há 19 dias, os alunos do campus Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) pressionaram o prefeito Sebastião Almeida. O chefe do Executivo se pronunciava por ocasião da entrega de uniformes a crianças da rede pública municipal de ensino, na tarde de ontem, no Centro Educacional Unificado (CEU) Pimentas.

Os estudantes expuseram faixas de protestos e pediram um posicionamento do governo municipal. O prefeito atendeu aos alunos em sala reservada, e ouviu as reivindicações sobre a locação de um terreno em frente do CEU para a construção de moradias para estudantes, além de queixas sobre o preço das tarifas de ônibus e a mobilidade local. Continue lendo

Saiu no “SpressoSP”

Sob censura, greve na Universidade Federal de São Paulo completa 13 dias
Publicado em 3 de abril de 2012·

Movimento grevista enfrenta retaliações como bloqueio na internet e corte no fornecimento de água; greve possui adesão da maioria dos alunos e professores

Por José Neto, do Brasil de Fato

Há cinco dias, a página no Facebook “Greve Unifesp” está bloqueada. Ao tentar abri-la na sexta-feira (30/03), a comissão de greve da Universidade Federal de São Paulo se deparou com o seguinte aviso: “Por motivos de segurança, sua conta está temporariamente bloqueada”. Diante disso, ontem (02/04), a comissão decidiu criar uma nova página. Desta vez, conseguiu manter-se no ar por apenas dez minutos, não conseguindo nem ao menos fazer uma postagem, até receberem um outro aviso de que “devido à denúncia” a página deveria ser excluída, sem maiores explicações.
Além da censura na internet, o movimento também foi alvo de outra retaliação na última semana de março. O fornecimento de água por todo o campus foi interrompido – coisa incomum, de acordo com os grevistas, visto que nos períodos de aulas, com um número muito maior de estudantes presentes, nunca houve falta de água.

Motivos

A greve teve início no dia 22 de março, após assembleia realizada no campus da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, com a presença de quase todos os alunos e docentes da universidade. A paralisação ocorre devido aos problemas na infraestrutura, transporte, moradia e representatividade da instituição, que hoje é gerida pelo município de Guarulhos.
Desde 2007, o campus de humanas está instalado no bairro dos Pimentas, com a promessa da prefeitura de São Paulo de que seria de forma provisória, e, que o quanto antes, o prédio definitivo seria construído. Porém, o campus continua no mesmo local, e agora com um número maior de cursos e de alunos.
Segundo a comissão de comunicação da greve, a universidade possui recursos federais destinados às suas atividades. As salas do CEU (Centro Educacional Unificado), segundo a comissão, que deveriam ser para uso dos moradores do bairro dos Pimentas, estão sendo utilizadas pelos alunos da Unifesp por falta de salas de aula.
“Não somos contra a colaboração da administração municipal, mas pensamos que os recursos federais devem ser melhor utilizados e de forma transparente”, comenta o estudante Jonatas Santiago, um dos membros da comissão.

Transporte e moradia

Grande parte dos estudantes vem de regiões distantes da cidade de São Paulo e enfrentam uma jornada diária de pelo menos duas horas em transporte público. O mesmo se compara com a realidade dos moradores, que antes mesmo da universidade, já vinham enfrentando o caos no trânsito desde a Marginal Tietê até à avenida Juscelino Kubitchek, no Pimentas.
Para Jonatas, a vinda do campus para o bairro só fez piorar a situação, pois são mais de 2 mil alunos que optam por morar nas proximidades da universidade, intensificando cada dia mais o aumento no valor dos alugueis e do custo de vida em geral.“Não existe moradia estudantil no campus Guarulhos e em nenhum outro campus da Unifesp originários do Plano de Expansão das universidades públicas.”

Atividades

Apesar das dificuldades, alunos e professores realizam atividades em conjunto com os alunos do CEU, como a organização de um cursinho pré-vestibular para alunos da rede pública, atividades corporais como dança e capoeira.
Hoje (03/04), o movimento realizou um ato no vão do Masp para informar a população sobre os transtornos ocorridos na universidade. As próximas atividades da greve estão sendo divulgadas no blog greveunifesp.blogspot.com.br

fonte: SpressoSP

http://www.spressosp.com.br/2012/04/sob-censura-greve-na-universidade-federal-de-sao-paulo-completa-13-dias/