Crítica aos docentes do Curso de História

Em mais uma mobilização, uma parte dos docentes do Curso de História¹ se posiciona
contra a greve, método de luta utilizado pelo movimento estudantil. O argumento é sabido por todos nós: concorda-se com a pauta de reivindicação, rejeita-se o método. Não há problemas em existir divergências e posicionamentos diversos na universidade. A liberdade de pensamento e de expressão são princípios que devem ser respeitados. Os problemas existem quando prevalece a intolerância política por meio de “propostas de diferentes cenários para reposição de aulas do ano letivo de 2012”. Cenários estes, também tema de debate da reunião extraordinária da Congregação do Campus Guarulhos.

Não questionamos a disposição de alguns docentes colocarem propostas para solução
de questões que são reais e necessárias como a de reposição de aulas, cancelamento do
semestre etc. questões estas que os estudantes devem debater e decidir. Questionamos sim, a postura de alguns professores laçarem mão destas questões para pressionar os estudantes ao retorno das aulas. No ano de 2010, o colegiado do Curso de História divulgou um calendário de aulas antes mesmo da finalização da greve, dessa maneira abriu precedentes para que docentes de outros cursos tivessem a mesma postura. Felizmente, a História registra os que praticam o “diálogo” e os que agem de acordo com as decisões coletivas.

Congregação discute o 1º semestre de 2012

Quando argumentação em relação ao movimento grevista não existe mais por parte
da diretoria acadêmica e alguns membros da Congregação, surgem medidas repressivas, a
exemplo das sindicâncias e ideias como a de jubilamento dos calouros, usadas para colocar
medo nos estudantes pressionando pelo retorno à sala de aula. Como caracterizar estas ações? Intimidação? Imposição de medos individuais?

A repressão e a pressão são ações para que o movimento recue, o que no atual
contexto significa sair da greve sem conquistas, pois sequer houve negociação da pauta
de reivindicação. Ao contrário, houve aumento da repressão ao movimento estudantil.
Lembrando que uma das pautas é o fim dos processos iniciados em 2008 contra 48 estudantes. A diretoria recentemente criminalizou os estudantes pela retirada dos tapumes. Como podemos verificar, a política que prevalece na universidade é parte da política geral de criminalização dos movimentos sociais. Os estudantes devem responder as ações da diretoria acadêmica e da Congregação do Campus à altura, colocando a situação real de necessidade das reivindicações apontadas na pauta do movimento estudantil e defender que o direito de manifestação política seja garantido contra as medidas repressivas e antidemocráticas.

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1. A referência “uma parte dos docentes do Curso de História”, mostra que um grupo compartilha do mesmo posicionamento político. Nas discussões acerca do movimento grevista nem sempre é possível identificar nomes para citação em um texto. Além disso, decidimos não atribuir o posicionamento político a um único sujeito, porque esta mesma posição é defendida por um grupo da categoria docente.

Carta sobre os processos de sindicância contra os estudantes!

Defender o direito de manifestação política!

Nenhuma sindicância contra os estudantes!

Que a reitoria atenda as reivindicações!

A Diretoria Acadêmica; membros da Congregação do Campus Guarulhos e docentes
que sentiram “violentados” devido aos piquetes da greve colocaram publicamente a
intenção e pedidos de abertura de processos internos (sindicâncias) contra os estudantes
que participaram das ações coletivas, discutidas e deliberadas em Assembleia Geral dos
Estudantes da EFLCH.

Em uma universidade em que é recorrente o discurso de formação crítica, a liberdade
de pensamento, crítica e manifestação política deveriam ser respeitados. No entanto, a
repressão ao movimento estudantil por meio de processos contra as lideranças trata-se de
uma questão essencialmente política, e não acadêmica.

Se comparada toda a infraestrutura dos campi da UNIFESP, notaremos muitas
desigualdades. Em Guarulhos sequer temos um prédio definitivo para abrigar as atividades
da universidade. A burocracia universitária administra em favor de uma minoria contra os
interesses da maioria, por isso ela se impõe de forma autoritária mantendo a estrutura de
poder antidemocrática.

Neste sentido, o direito de manifestação política é fundamental contra os ataques ao
movimento estudantil. A manutenção da greve pelo atendimento das reivindicações e fim
dos processos é a forma que temos para dizer não ao autoritarismo dentro da universidade
e lutar por melhores condições de ensino. O movimento estudantil para avançar necessita
inviabilizar todas as atividades do Campus exigindo que a Reitoria abra negociação
imediatamente. Devemos dizer: Reitoria, construa o prédio! Reitoria, retire os processos!
Diretoria, nenhuma sindicância contra os estudantes!

Professor Julio Naranjo incita violência contra grevistas e ameaça estudante

O professor do curso de história, Julio Moracen Naranjo, atacou novamente os estudantes que, democraticamente, decidiram entrar em greve. Na tarde do dia 27 de abril, sexta-feira, um grupo de estudantes a favor da greve realizou uma ação para barrar uma aula que estava sendo dada pela professora Ana Nemi, pois dois dias antes, a assembleia geral estudantil havia votado a continuidade da greve por ampla maioria e, tantos os alunos que assistiam a aula como a professora, estavam desrespeitando a decisão e passando por cima de uma deliberação coletiva.

Diante deste fato, o professor Julio Naranjo, com o apoio de alguns estudantes recrutados por ele para propositalmente gerar confusão e tentar difamar os grevistas, entrou na sala e começou a agredir verbal e fisicamente aqueles que lutavam para que a decisão da
assembleia prevalecesse. O professor tentou partir para cima de alguns alunos, os atacou com insultos e, poucos minutos depois chegou ao absurdo de ameaçar um deles de morte. Julio disse claramente a um estudante: “Eu já matei. Eu sei matar”. Uma clara ameaça e uma atitude de alguém que só pode ser completamente contra os direitos democráticos dos cidadãos, pois somente em ditaduras é que grevistas e pessoas que lutam pelos seus direitos correm risco de morte por protestar.

Durante a confusão, inclusive, uma estudante do curso de Ciências Sociais foi agredida por um dos fura-greve. Ou seja, além de não respeitarem os direitos dos grevistas, estas pessoas que, diga- se de passagem, dizem agir em nome da “institucionalidade”, também não respeitam os direitos das mulheres. Como podem eles defender a “institucionalidade” se atos como a agressão de mulheres são considerados crime?

Na verdade, os defensores da “institucionalidade”, para repetir o cinismo da carta do diretor acadêmico, Marcos Cezar, têm uma ação completamente a margem da Lei, desrespeitam os direitos das pessoas e, se for necessário, como mostra este caso relatado acima, agridem deliberadamente seus opositores.

Este não é o primeiro fato desta natureza envolvendo o professor Julio Moracen Naranjo. No dia 25 de abril, pouco antes da assembleia dos estudantes, Naranjo furtou uma bandeira de Cuba com a foto de Che Guevara que havia sido colocada em um mastro na frente do espaço de Vivência Carlos Marighella, barracão construído pelos estudantes para protestar contra o fato da reitoria até agora não ter começado as obras para erguer o prédio definitivo do campus. O estudante conseguiu recuperá-la no mesmo dia e ela foi recolocada no lugar. No dia 27, no entanto, pouco antes da confusão que ele mesmo causou, Naranjo voltou a furtar a bandeira. Fato que, inclusive é crime, pois a bandeira pertence a um aluno que, gentilmente, havia emprestado ela para o movimento estudantil. No dia 27, os estudantes, apesar dos apelos, não conseguiram recuperar algo que estava sob posse
deles. Observamos neste caso que a tal “institucionalidade” dos anti-greve tolera até mesmo o furto de objetos pessoais quando a situação convém a eles.

O mais grave, porém, é o caráter político do ataque articulado por Julio Moracen Naranjo. Neste momento, a reitoria e a diretoria acadêmica estão ameaçando abertamente reprimir o movimento estudantil. Eles entraram na Justiça contra o Comando de Greve,
disseram que irão abrir sindicâncias contra os grevistas, entre outras coisas. O ataque do professor Naranjo, neste sentido, é parte da política de repressão e cassação dos direitos democráticos dos grevistas e da comunidade acadêmica como um todo. Trata-
se de uma atitude provocativa que tem como objetivo agredir e intimidar os que lutam pelas suas reivindicações e causar confusão naqueles que apoiam a greve. Mostra que por trás do discurso da ordem se esconde uma perversa tirania que tenta impedir que as pessoas expressem suas opiniões e lutem pelos seus direitos, no caso, o direito de estudar em uma universidade que seja realmente pública, que tenha qualidade e aberta para toda população.

Neste sentido, atitudes de violência contra o movimento grevista devem ser rejeitadas de forma veemente, pois elas escondem, como notamos neste caso, uma posição favorável a que a universidade se transforme em um verdadeiro campo de concentração, onde as pessoas não podem mais exercer os seus direitos, se manifestar, lutar por aquilo que acreditam.

O movimento estudantil repudia este tipo de ataque. Todos aqueles que defendem as liberdades democráticas devem fazer o mesmo para que esta luta contra a ditadura que se instalou nas instituições de ensino superior do País possa continuar se desenvolvendo e seja vitoriosa.

Pronunciamento do deputado federal Ivan Valente (PSOL/SP) em apoio à greve dos estudantes da Unifesp de Guarulhos

Pronunciamento do deputado federal Ivan Valente (PSOL/SP) em apoio à greve dos estudantes da Unifesp de Guarulhos e sobre as péssimas condições de funcionamento daquela unidade.

Senhor Presidente, senhoras e senhores Deputados,

Venho a esta Tribuna expor a situação gravíssima de algumas universidades federais em São Paulo. Estudantes e docentes do campus Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), já há algum tempo, protestam contra a situação precária de funcionamento da unidade. Eles estão em greve desde o dia 28 de março e os docentes realizaram uma paralisação de uma semana. Com o movimento, denunciam a situação caótica do campus, resultado da expansão de vagas sem planejamento e sem a necessária ampliação de recursos orçamentários que permitam a organização de uma estrutura de funcionamento capaz de garantir um padrão mínimo de qualidade.

Nem mesmo o espaço físico para as aulas está garantido na Unifesp. Já há um bom tempo, alguns cursos precisam utilizar as salas de aula de um centro educacional da prefeitura de Guarulhos, localizado ao lado do campus. A falta de infraestrutura adequada e os problemas que surgem em função da superlotação prejudicam a realização das atividades acadêmicas e comprometem a qualidade da formação profissional.

Esta situação que encontramos no campus Guarulhos da Unifesp é só mais um dos vários exemplos dos efeitos da implementação do REUNI, plano de expansão das universidades públicas do Ministério da Educação, criado e executado pelas gestões petistas, e que explicita nesses problemas a sua verdadeira face: um programa insuficiente e com graves vícios “eleitoreiros”, que trata a questão do direito à educação superior a partir de uma lógica economicista, que amplia atendimento em detrimento da qualidade.

O resultado desse quadro é, para a Unifesp de Guarulhos, um cenário de abandono e descaso, com uma completa insuficiência na infraestrutura e nas condições para o funcionamento de uma universidade. Os estudantes denunciam também que as poucas propostas de solução para a questão do espaço apresentadas pela Reitoria encontram-se totalmente paralisadas, em função de problemas nos processos licitatórios, sobre os quais faltam informações claras.

Mas a questão do espeço físico é apenas um dos itens na pauta de reivindicações dos estudantes, que também abrange a reivindicação por moradia estudantil, a ampliação do restaurante universitário, bem como do laboratório de informática e da copiadora. Há também uma série de itens relacionados ao acesso e permanência dos estudantes, como melhoria do transporte e revisão dos valores do “auxílio permanência”.

Além disso, são apresentadas reivindicações sobre a questão da democracia e a participação estudantil na gestão da Universidade. Os estudantes denunciam que os “mecanismos institucionais de representação não contemplam satisfatoriamente a categoria discente, no interior da Congregação, nem a comunidade acadêmica do campus Guarulhos, no Conselho Universitário”.

Por fim, mas não menos importante, os estudantes posicionam-se contra os processos judiciais movidos contra alunos que participaram da ocupação de 2008, num ato eminentemente político, também de reivindicação legítima por melhores condições na universidade, e que vem sendo tratado como um “caso de polícia”.

A situação é semelhante a tantas outras que infelizmente temos presenciado, em diversos episódios de criminalização dos movimentos sociais. A partir de um discurso burocrático e legalista, que apenas camufla uma intencional e elaborada forma de repressão, tenta-se calar aqueles que ousam manifestar sua insatisfação diante de desmandos e descasos e que insistem em defender direitos constitucionais nas universidades. É por isso que devemos, senhoras e senhores Deputados, nos posicionar fortemente contra esses processos de nítida perseguição política, que ferem os princípios básicos da democracia.

Cabe ainda ressaltar que a motivação para a ocupação de 2008 pelos estudantes já era a questão da falta de estrutura, que nesse momento fica ainda mais inquestionável pelo próprio posicionamento dos docentes da unidade Guarulhos. Cito a resolução da assembleia dos docentes da UNIFESP de Guarulhos:

Considerando as precárias condições para o exercício das atividades acadêmicas, das condições de trabalho e da infraestrutura, os professores da Unifesp – campus Guarulhos, em Assembleia Geral realizada no dia 09/04/2012, decidiram realizar uma mobilização, com paralisação por tempo determinado, de 12 a 19/04/2012 para produzir um diagnóstico da situação do campus e propostas de encaminhamentos, com vistas a melhoria das condições acadêmicas (ensino, pesquisa e extensão) a curto, médio e longo prazos.”

O mais sério é que as condições encontradas no campus Guarulhos refletem também a realidade encontrada em outros campi da Unifesp. E as indicações do Governo Federal não apontam para a solução deste problema. Ao contrário, insistem no aprofundamento desse modelo de ampliação do atendimento, através de bolsas em instituições privadas de qualidade duvidosa e, em uma escala muito menor, na criação de unidades em condições muito precárias de atendimento. Isso fica evidente pela proposta contida no PL8035/10, o novo Plano Nacional de Educação, que prevê uma ampliação mínima nos recursos para o ensino superior público ao longo da próxima década, ao mesmo tempo que o Governo prioriza o pagamento de juros e amortizações da dívida pública à instituições financeiras privadas.

Manifestamos aqui então nosso apoio à luta dos estudantes e docentes do campus Guarulhos da Unifesp, reforçando a cobrança da comunidade acadêmica por soluções rápidas e concretas acerca das condições de funcionamento da unidade.

Muito obrigado.

Ivan Valente

Deputado Federal PSOL/SP

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Fonte: http://psol50sp.org.br/blog/2012/04/20/em-apoio-a-luta-dos-estudantes-e-docentes-da-unifespguarulhos/

Repúdio às Ações Ilegais da Diretoria e Reitoria

Quando a liberdade de divulgar o pensamento [1] se vê ameaçada, isso não traduz uma ojeriza à Constituição? Em termos legais não é uma afronta a direitos universais garantidos pela carta de 1988? Quando são nomeados estudantes e feitos dossiês com textos que visam criminalizar e podar os pluralismos de idéias [2], não denota a desfaçatez com que o jeitinho brasileiro – cordial – se assume ante a legalidade? Quando a letra da lei é utilizada para a garantia de uma pequena fatia poderosa, que se utiliza do discurso legal para perpetrar a mazela com o dinheiro público, não é sinônimo de favorecimento ilícito que põe fim a gestão democrática do ensino público[3]? Quando as universidades que gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial [4], não obedecem ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, não significa o fim da Universidade pública? Quando a gratuidade do ensino é posta em xeque em estabelecimentos oficiais [5], surge o desmantelamento constitucional. Acaso os cursos oferecidos pela FAP, não promovem isso? Quando oReitor se utiliza do cacete da tropa de choque como forma de dialogo, não significa que subestima a capacidade intelectual de cada discente, tratando-os como animais que não sabem conversar? Quando o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um [6], não são garantidos numa universidade pela falta de infraestrutura, e nada é feito para consolidação disso, não quer nos dizer que a lei está morta? Quando uma estudante busca as razões para o fim da legalidade perpretado pela Reitoria e seu diretor, entendendo a Constituição, não significa que isso é um desespero pela perda de todos os valores de justiça que foram construídos historicamente? Quando tudo isso ocorre ante nossas vistas, fica apenas uma pergunta parada no ar: Até quando aguentaremos? [7]

[1] Art.206. (I)
[2] Art. 206 (III)
[3] Art. 206 (VI)
[4]  Art. 207.
[5]  Art. 206 (IV)
[6]  Art. 208 (V)
[7]  Esse texto foi produzido, baseando-se nos Artigos 206, 207 e 208 da Constituição e grande parte de seus incisos.

Carta de Repúdio a Nota Urgente da Direção Acadêmica da EFLCH.

Carta-Repúdio a Nota-Urgente da Direção Acadêmica da EFLCH.

Acredito estarmos em uma situação em que o melhor fórum para se tratar de questões estudantis passou ser mesmo o judiciário. Sim há prejuízo deliberado ao patrimônio público e é necessário que a sociedade em geral identifique seus autores. Talvez lá os diretores da universidade possam explicar com que pretexto foi colocado tapumes dentro de uma área limpa e plana do próprio campus.

Tapumes esses que normalmente são usados provisoriamente para separar um terreno onde estaria uma obra em andamento, da população em geral, já que exatamente pelo seu caráter provisório e descartável, um tapume é um material de construção de baixo custo e baixa qualidade, sendo feito normalmente de pinus laminado colado, temendo chuvas e intempéries, fato esse que levou a boa parte deste material estar totalmente apodrecido, caído ao chão devido a ventanias e já não cumprindo seu objetivo fictício de tampar o nada, separando-o de coisa alguma, e para piorar, repletos de cupins, esses sim, colocando em risco todo patrimônio de livros que os estudantes sequer tem acesso devido estarem encaixotados eternamente.

Ora, não há no local obra em andamento, nem previsão de seu inicio. Baseado em que, o dinheiro do erário publico foi desperdiçado nesse tipo de estratagema? Para passar ao público incauto, que haveria no local uma construção em andamento? Não senhores, não houve vandalismo. Não somos vândalos, bandidos, saqueadores ou outros adjetivos pejorativos que os valha. Como pode ser visto na “ação fartamente documentada”, não foi feito nenhuma destruição nem uma simulação de construção, foi feito uma construção precária com esses “madeirites”. Construção, diga-se de passagem, semelhante a que vive durante dezenas de anos, boa parte de nossa população e que certamente deve ser melhor local para estudar que em baixo das inexistentes árvores do campus, como já foi proposto cinicamente.

O perigo, senhores, não se encontra nos alunos bruscamente taxados de vândalos. Esses, são seres apaixonados, que sonham em se capacitarem de forma íntegra para que, em troca de uma das mais injustas remunerações do mundo civilizado, formem o futuro de nossa nação. O perigo se encontra na burocracia, onde cada filigrana é observada exaustivamente por autoridades instaladas, no intuito de covardemente se isentarem de qualquer responsabilidade. O perigo se encontra nessas pessoas que se entrincheiram em milhares de normas, que alimentam a vigilância entre seus gabinetes burocráticos. Onde qualquer brecha pode levar a rápida dilapidação do patrimônio publico. Normas essas que agem como os decrépitos tapumes da Unifesp, tampando o vazio das ações, a ineficiência e a falta de coragem pública, dos olhos do restante da população.

A esses senhores deixamos a nossa convicção que sua estratégia da intimidação policialesca “¡No pasarán!”.

Fraternalmente,

Comissão de Comunicação

Carta aos docentes da Escola de Filosofia Letras e Ciências Humanas

Seria um jargão a afirmação de que passamos por um “momento histórico” em nosso Campus porque estudantes e docentes paralisaram as atividades acadêmicas ao mesmo tempo. No entanto, trata-se de um fato muito importante nesta conjuntura política. Frente à situação crítica que se apresenta, a maioria dos estudantes presentes à Assembleia Geral na noite de ontem, 18 de abril, votaram pela continuidade greve. Durante o período de mobilização, uma pauta de reivindicação foi discutida e propostas foram elaboradas. No dia 20/04, sexta-feira em frente à Reitoria da Universidade será realizado um ato público em conjunto com os cinco campi, nesta ocasião iremos entregar um manifesto com a pauta de reivindicação e expressar a insatisfação acerca da infraestrutura dos seis campi.

A paralisação dos docentes, entre outros aspectos positivos, criou propostas importantes nos grupos de trabalhos. Neste sentido, participamos dos GTs com a intenção de contribuir de forma propositiva. A nossa luta defende a unidade dos que estudam e trabalham em defesa da universidade pública, das condições de ensino e de trabalho.

Acreditamos que nós, discentes, professores e funcionários temos como reivindicação comum a construção do prédio definitivo. Ele é fundamental para existência de um Campus Universitário e sanará os problemas de falta de salas de aulas, laboratórios, espaço para biblioteca, estudos e locais de trabalhos sem adaptações etc.

Entendemos que a greve é o nosso instrumento de luta para pressionar a diretoria, reitoria e o governo federal para atendimento das reivindicações prioritárias. Mais uma vez manifestamos indignação por não ter o vital para desenvolver as atividades acadêmicas, um prédio que garanta as condições de ensino e de trabalho aos três setores da EFLCH.

Comunicação do Comando de Greve

Guarulhos, 19 de abril de 2012.

CARTA DE ESCLARECIMENTO DO COMANDO DE GREVE

Visto que a Reitoria da Universidade Federal de São Paulo, de forma falaciosa, vem a público alegar que “o movimento grevista interrompeu, temporariamente, as negociações” (vide imprensa, site G1), faz-se necessário esclarecer a posição do movimento deliberado em Plenária Aberta do Comando de Greve, de que o movimento negocia com o Reitor, e não com o Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, Prof. Leduíno.

De maneira leviana e claramente oportunista, a Reitoria, que não quer negociar as reivindicações do movimento de Greve de Guarulhos, para dizer que ao recusarmos reunirmo-nos com o Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, teríamos interrompido as negociações. Nada mais falso!

É preciso ter clareza de que a negociação poderá ter a participação de “Pró-Reitores”, como em 2010. Contudo, um Pró-Reitor não tem o poder de negociar com o movimento de Greve. E o movimento já se posicionou pela negociação com a Reitoria da Universidade.

Quem interrompeu as negociações? A Reitoria!

Prova disso?

O ato na reitoria, dia 20 de abril, que foi tratada como caso de polícia com um “mandado de intimidação” e com a tropa de choque, em que a carta de reivindicações de Guarulhos foi entregue, o Reitor se recusou a marcar a data de reunião de negociação, inclusive dando as costas aos manifestantes – como pode-se atestar nas filmagens.

Assim, a questão que está colocada é que a Reitoria procura, a cada dia que passa, o enfrentamento, quando vê que sua tática de enrolação não dá certo. Portanto, é a Reitoria que nega sentar para negociar. Ela se recusa em atender as reivindicações e para tentar sufocar o movimento, procura tratar como crime a livre manifestação política dos estudantes.

Moção de repúdio à circulação da PM no Campus!

Nós, Movimento Estudantil da EFLCH-Unifesp, repudiamos a circulação da Polícia Militar no campus.

No dia 28 de março de 2012, por volta das 16h a PM estacionou uma viatura dentro do campus, próximo ao portão. Lembrando que a greve estudantil foi decretada em 22 de março desse ano. Assim, logo na semana seguinte a polícia já estava presente na EFLCH. Além desses dados, outro fator que deve ser levado em consideração é que o horário citado era o previsto para realização de ato no Terminal Pimentas, anunciado em jornal de Guarulhos, Folha Metropolitana. Dessa forma, a PM claramente apareceu para pressionar o Movimento Estudantil. Confirmando a tentativa de impedir o ato, a Força Tática esperou os manifestantes com várias viaturas no posto de gasolina ao final da rua da universidade.

A segunda vez que a PM esteve na universidade esse ano foi em 13 de abril. Importante também colocar que a polícia em ambas as vezes entrou na sala da Diretoria Acadêmica.

A repressão policial está mais do que anunciada: no dia anterior à segunda entrada da PM esse ano, 12 de abril, na Congregação, um grupo de professores disse que após o fim da paralisação docente, essa categoria chamará a PM caso os estudantes tentem impedir o furo à greve estudantil.

Nenhum movimento social deve ceder o espaço da luta à repressão. Desse modo, faz-se necessário o estado de alerta constante a qualquer tipo de repressão ao nosso Movimento Estudantil.

FORA PM DAS UNIVERSIDADES! FORA À REPRESSÃO AOS MOVIMENTOS SOCIAS QUE LUTAM! FORA PM DO MUNDO!

Movimento Estudantil da Unifesp Guarulhos,

17 de abril de 2012.